sexta-feira, fevereiro 02, 2007



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Quero que me abraces sem me asfixiar
- em torno do referendo ao aborto -



Cativar é criar laços
Não há consciência de nós que não seja, ao mesmo tempo, consciência de um mundo habitado por outros. A consciência de nós aprofunda-se e experimenta-se na relação e no encontro com os outros. E os outros são irredutíveis, não existem apenas porque eu os pense. Existem por si, são diferentes, personalidades e características diferentes das minhas que fazem da abertura e da relação a aventura do crescimento. A célebre afirmação de que “inferno são os outros” só é verdade quando nós somos o nosso próprio inferno.
«O que quer dizer “cativar”?» é a grande interrogação do principezinho no seu diálogo com a raposa. Vale a pena ler novamente a história. É que a raposa vai explicando que «Cativar é criar laços … se me cativares precisaremos um do outro».
De facto, enquanto o principezinho metabolizava a sua dor (quase com pena de si mesmo) apareceu a raposa. Momentos antes o encontro com a flor não tinha corrido bem. A flor brincara vaidosamente fazendo tudo para se manter no meio da cena: uma espécie de jogo de sedução destinado a paralisar o admirador. E o pequeno príncipe, preso no jogo da flor, não se dava conta de si mesmo nem percebeu o que dissimulava tamanha simpatia. Amavam-se, pode concluir-se, mas nunca foram capazes de o dizer (José Gil, A profundidade e a superfície). E porque não encontraram as linguagens próprias o amor falhou. A flor usa a linguagem da astúcia enquanto o principezinho usa uma linguagem simples e directa. Não sendo realizáveis os desejos da flor, o principezinho está destinado a partir, a crescer. E é nessa procura de si mesmo por parte do principezinho que a raposa é um instrumento que possibilita uma experiência fundamental: criar laços, fazer de cada um para o outro alguém que é “único no mundo”. O aborrecimento desaparece da vida da raposa e o principezinho já não se sente estranho. Tornaram-se “únicos no mundo” um para o outro. Por isso a raposa conclui: “Tornaste-te responsável pelo que cativaste! És responsável pela tua rosa” (A. Saint-Exupéry, O Principezinho, 74). Diz-nos a mesma história que, pouco a pouco, cada um se começou a sentir responsável pelo outro e, ao mesmo tempo, a ver a vida própria com outros olhos.
Trata-se do mesmo sentir que Vergílio Ferreira afirma quando diz que «A pessoa que somos, e que parece evidente, aprende-se devagar. Quantas pessoas te amaram? E quantas pessoas amaste? O afecto é a melhor maneira de saberes o tamanho da tua vida. Ou seja, do até onde exististe. Haverá outro limite para saberes se valeu a pena?» (V. Ferreira, Pensar, 481. 471).


Quantas pessoas amaste?
Sem demagogias balofas e sendo sensível às imensas e inúmeras situações, por vezes dramáticas, a que uma mulher que se decide pelo aborto está sujeita (abandono, pressões várias, medos, falta de condições, etc, etc) gostava, neste contexto, de afirmar sensível e rigorosamente o direito à vida já existente e de, afirmar igualmente a não existência de direito sobre a vida do outro por mais embrionária que seja.
Não querendo passar por cima das dificuldades inerentes às razões que conduzem muitas mulheres a recorrer ao aborto, como se de coisas sem valor se tratasse, quero, no entanto, referir cada um desses aspectos como sendo de grandeza completamente diferente daquela que tem o valor da vida. A vida está antes como princípio, valor e fundamento, está durante como referência fundamental e experiência, e está depois como objectivo e finalidade de tudo. Tudo passa, só a vida permanece (quando permanece). E, na linha da igualdade dos direitos humanos, eu não posso tirar a ninguém algo que não tenho a capacidade de voltar a dar-lhe.
Contextualizar e reflectir esta questão no horizonte do amor e do afecto que, como diz V. Ferreira, mede o tamanho da nossa vida não é relegá-la para a utopia do irrealizável e falacioso. É colocá-la naquele horizonte das nossas vidas onde se decidem os rumos do viver, onde os desafios se fazem projectos, onde o ideal não é o abstracto mas aquilo que sempre nos segreda interiormente que é preciso continuar a educar. Não estamos sempre nós em desenvolvimento?! Se não acredito naquilo de que o homem é capaz quando se compromete gratuitamente como posso continuar a acreditar no homem?! E não estão sempre na base de qualquer Constituição de qualquer país um conjunto de valores que, embora difíceis, são os orientadores e os referentes de cada acção, de cada projecto?!
Para nós cristãos, todo o ser humano, e portanto também o embrião e o feto, possui o direito à vida imediatamente de Deus e, por isso, não existe autoridade humana que possa arrogar-se o direito de decidir sobre a vida de outro alguém. A afirmação do Decálogo “Não matarás” não é um passivo paliativo de consciência. É sempre entendido e levado à plenitude na experiência do amor fraterno. E, nesse sentido, todas as normas, todos os actos morais, todas as atitudes de vida estão, portanto referenciadas à opção fundamental perante um valor. Uma norma não vale por si mesma, mas expressa o valor e vale por isso em ordem ao comportamento. Positivas, motivadoras, abertas, orientadoras … eis como se deveriam apresentar as normas. São sempre instrumentais. Uma norma que permita arbitrariamente a destruição da vida humana é, no presente e em potência, um atropelo civilizacional, uma contradição dos valores éticos de cidadania que, embora nem sempre alcançados, construímos durante séculos. Ao aceitar – como norma, contexto ético e ambiente educativo – que se violem os direitos do mais fraco (“Eis o Homem” no dizer de Michel Serres citando o Evangelho de João), aceitar-se-á e colaborar-se-á, inequivocamente, que o direito da força se afirme sobre a força do direito.
O texto de um Assistente de Direito da Faculdade de Direito de Lisboa que recebi hoje por e-mail e que cito, afirma que «pouco se tem falado da solução da lei alemã como uma tentativa de resolver aquele aparente paradoxo ("como não punir a mulher, em muitos casos dramáticos, sem transformar o aborto num direito?", "como despenalizar sem liberalizar?"). O ponto principal dessa legislação, que a torna original no quadro europeu, consiste na existência de um mecanismo de aconselhamento e ajuda (que não é um mero aconselhamento informativo mas um aconselhamento orientado para a salvaguarda da vida e que visa dissuadir a mulher de praticar o aborto), definido, na própria lei (S. 219, nº 1, Código Penal Alemão), nos seguintes termos: " O aconselhamento serve a protecção da vida que está por nascer. Deve orientar‑se pelo esforço de encorajar a mulher a prosseguir a gravidez e de lhe abrir perspectivas para uma vida com a criança. Deve ajudá‑la a tomar uma decisão responsável e em consciência. A mulher deve ter a consciência de que o feto, em cada uma das fases de gravidez, também tem o direito próprio à vida e que, por isso, de acordo com o sistema legal, uma interrupção da gravidez apenas pode ser considerada em situações de excepção, quando a mulher fica sujeita a um sacrifício que pelo nascimento da criança é agravado e se torna tão pesado e extraordinário que ultrapassa o limite do que se lhe pode exigir ".
A lei alemã afasta-se, assim, do puro modelo do "aborto a pedido" (modelo da proposta em referendo), assumindo antes que, normalmente, será exigível à mulher o cumprimento do dever de levar a sua gravidez até ao fim, até ao nascimento do bébé. Normalmente, ser-lhe-á exigível cumprir o maravilhoso mas exigente fardo de levar a gravidez a termo.
Em contrapartida, é afirmada, por sua vez, a responsabilidade do Estado (e o mesmo se diga, aliás, da Sociedade em geral, das empresas, das famílias, etc) em criar as condições, em todos os domínios, que auxiliem a mulher a cumprir essa exigência.
Para além disso, no modelo da lei alemã, o aborto, mesmo nos casos em que, depois de realizado aquele aconselhamento dissuasor, é considerado não punível, sempre continua a ser tratado, para todos os efeitos jurídicos, como um acto ilícito (nomeadamente, para efeitos de não poder, assim, ser comparticipado pela Segurança Social, etc). Ou seja, o aborto continua a ser, nesses casos, ilegítimo, mas não punível.
Não sendo o ideal de modelo pode abrir perspectivas para um modelo de ajuda e aconselhamento dissuasor que não terminasse com uma decisão autónoma da mulher em quem, nesse momento, as condições de liberdade e autonomia até podem nem ser uma realidade por força das circunstâncias.



Santos pós-modernos pela vida
A cidadania é hoje um conceito e uma realidade bem complexas. Apela à participação, age na esfera da liberdade, pressupõe uma perspectiva participada da cultura, reenvia permanentemente aos valores e integra, no respeito mútuo e recíproco, imensas diferenças e múltiplas perspectivas. E como dinamismo fundamental acredita naquilo que alguém definiu como “somos todos pessoas a haver”. É uma cidadania que tende a incluir as diferenças para não se afirmar como exclusão.
Evidentemente que, nas sociedades actuais, o conceito de cidadania sendo valor comum nem por isso é simples de afirmar e colocar em curso. Não sendo fácil no mundo de hoje encontrar e definir uma base comum de valores éticos que sejam do acordo total, percebe-se ao mesmo tempo a impossibilidade da cidadania sem um referencial mínimo de valores. O único valor que parece não oferecer dúvidas é o da liberdade. Mas mesmo esse reenvia sempre para o encontro com o outro que é irredutível e nunca instrumentalizável. Confira-se a Declaração Universal dos Direitos do Homem onde a vida é afirmada como pertencendo ao homem por natureza, que o Estado reconhece, mas não confere. Um direito que pertence a todos os homens enquanto seres humanos. Após a experiência dura e desumana da II Grande Guerra, entende-se que a vida não é algo de que se possa dispor arbitrariamente. Violar esse direito contradiz o ideal democrático.
O não reconhecimento do direito à vida, a incapacidade de promover a salvaguarda da vida do embrião e do feto, a neutralidade cómoda são expressões de um neo-conservadorismo emergente que tenta legalizar o que não se sabe enfrentar ou mesmo resolver.
Os valores da participação, do associativismo, da gratuidade do voluntariado, da pessoa que está permanentemente a fazer-se, dos desafios de realização tão presentes na defesa e difusão da ideia de cidadania não exigirão coerentemente que se acredite na capacidade e na possibilidade de educar para o valor da vida?! Como posso coerentemente afirmar as necessidades das atitudes de solidariedade humana, de respeito recíproco, de participação comunitária se todos esses valores ficarem fechados em si mesmos e não ajudarem o homem a transcentrar-se para se encontrar de verdade com os outros e o mundo percebendo a vida como o fundamento?! Seria possível descriminalizar sem legalizar. E as mulheres seriam ajudadas. Certamente daria muito trabalho, pediria muita liberdade, exigiria muito amor. O tal pelo qual se mede a nossa vida. Aqui a Igreja marca pontos. Porque dá o que tem: a alegria de amar. É por isso que vale mais optimizar todas as coisas do que ser apenas optimista.



P. Emanuel Matos Silva

quarta-feira, janeiro 31, 2007




Estivemos
na Beirã e em Castelo de Vide
com os
Cónº Trasício e o Pe. Luís


Actividades em Fevereiro 2007
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- 17 – Encontro "Laboratórios da fé"
(Casa Paroquial de Arez, Nisa, das 17h00 às 18h30)

- Vigília de Oração (21h30: Igreja do Calvário, Nisa)

- 18 - Actividades em Paróquias

- 21 a 25 - Retiro dos Seminaristas

quarta-feira, janeiro 10, 2007



Janeiro 2007
Programa SDPVocações
  • 6 (Sábado) – Vigília de Oração pelas Vocações (21h30: Igreja do Calvário, Nisa)
  • 13 (Sábado) – Encontro Sta. Teresa (encontro sobre a Vida Religiosa – das 20h00 às 21h30: Casa Paroquial de Arez, Nisa)
  • 14 (Domingo): Participação nas Eucaristias de Chainça, Abrantes e Alferrarede (10h00, 11h00 e 12h15);
  • 20 (Sábado) – Laboratórios da fé (encontro para aprofundamento da fé em horizonte vocacional – das 18h00 às 19h30: Casa Paroquial de Arez, Nisa)
  • 27 (Sábado) – Encontro João Paulo II (encontro sobre a especificidade da vocação sacerdotal e a identidade do padre na Igreja – 20h00 às 21h30: Casa Paroquial de Arez, Nisa)


quinta-feira, dezembro 28, 2006

Natal


Um conto de MIGUEL TORGA


De sacola e bordão, o velho Garrinchas fazia os possí­veis par se aproximar da terra. A necessidade levara-o lon­ge de mais. Pedir é um triste ofício, e pedir em Lourosa, pior. Ninguém dá nada. Tenha paciência, Deus o favore­ça, hoje não pode ser - e beba um desgraçado água dos ribeiros e coma pedras! Por isso, que remédio senão alargar os horizontes, e estender a mão à caridade de gente desco­nhecida, que ao menos se envergonhasse de negar uma cô­dea a um homem a meio do padre-nosso. Sim, rezava quando batia a qualquer porta. Gostavam... Lá se tinha fé na oração, isso era outra conversa. As boas acções é que nos salvam. Não se entra no céu com ladainhas, tirassem daí o sentido. A coisa fia mais fino! Mas, enfim... Segue-se que só dando ao canelo por muito largo conseguia viver.
E ali vinha de mais uma dessas romarias, bem escusa­das se o mundo fosse doutra maneira. Muito embora trou­xesse dez réis no bolso e o bornal cheio, o certo é que já lhe custava arrastar as pernas. Derreadinho! Podia, realmente, ter ficado em Loivos. Dormia, e no dia seguinte, de ma­nhãzinha, punha-se a caminho. Mas quê! Metera-se-lhe em cabeça consoar à manjedoira nativa... E a verdade é que nem casa nem família o esperavam. Todo o calor possível seria o do forno do povo, permanentemente escancarado à pobreza. Em todo o caso sempre era passar a noite santa debaixo de telhas conhecidas, na modorra dum borralho de estevas e giestas familiares, a respirar o perfume a pão fresco da última cozedura... Essa regalia ao menos dava-a Lourosa aos desamparados. Encher-Ihes a barriga, não. Agora albergar o corpo e matar o sono naquele santuário colectivo da fome, podiam. O problema estava em chegar lá. O raio da serra nunca mais acabava, e sentia-se cansa­do. Setenta e cinco anos, parecendo que não, é um grande carrego. Ainda por cima atrasara-se na jornada em Feitais. Dera uma volta ao lugarejo, as bichas pegaram, a coisa co­meçou a render, e esqueceu-se das horas. Quando foi a dar conta, passava das quatro. E, como anoitecia cedo, não ha­via outro remédio senão ir agora a mata-cavalos, a correr contra o tempo e contra a idade:, com o coração a refilar. Aflito, batia-Ihe na taipa do peito, a pedir misericórdia. Ti­vesse paciência. O remédio era andar para diante. E o pior de tudo é que começava a nevar! Pela amostra, parecia coi­sa ligeira. Mas vamos ao caso que pegasse a valer? Bem, um pobre já está acostumado a quantas tropelias a sorte quer. Ele então, se fosse a queixar-se! Cada desconsideração do destino! Valia-Ihe o bom feitio. Viesse o que viesse, recebia tudo com a mesma cara. Aborrecer-se para quê?! Não lu­crava nada! Chamavam-lhe fiIósofo ... Areias, queriam di­zer. Importava-Ihe lá.
E caía, o algodão em rama! Caía, sim senhor! Bonito! Felizmente que a Senhora dos Prazeres ficava perto. Se a brincadeira continuasse, olha, dormia no cabido! O que é, sendo assim, adeus noite de Natal em Lourosa...
Apressou mais o passo, fez ouvidos de mercador à fadi­ga, e foi rompendo a chuva de pétalas. Rico panorama!
Com patorras de elefante e branco como um moleiro, ao cabo de meia hora de caminho chegou ao adro da ermi­da. À volta não se enxergava um palmo sequer de chão des­coberto. Caiados, os penedos lembravam penitentes.
Não havia que ver: nem pensar noutro pouso. E dar graças!
Entrou no alpendre, encostou o pau à parede, arreou o alforge, sacudiu-se, e só então reparou que a porta da ca­pela estava apenas encostada. Ou fora esquecimento, ou al­guma alma pecadora forçara a fechadura.
Vá lá! Do mal o menos. Em caso de necessidade, podia entrar e abrigar-se dentro. Assunto a resolver na ocasião de­vida... Para já, a fogueira que ia fazer tinha de ser cá fora. O diabo era arranjar lenha.
Saiu, apanhou um braçado de urgueiras, voltou, e ten­tou acendê-Ias. Mas estavam verdes e húmidas, e o lume, depois dum clarão animador, apagou-se. Recomeçou três vezes, e três vezes o mesmo insucesso. Mau! Gastar os fós­foros todos, é que não.
Num começo de angústia, porque o ar da montanha to­lhia e começava a escurecer, lembrou-se de ir à sacristia ver se encontrava um bocado de papel.
Descobriu, realmente, um jornal a forrar um gavetão, e já mais sossegado, e também agradecido ao Céu por aque­la ajuda, olhou o altar.
Quase invisível na penumbra, com o divino Filho ao colo, a Mãe de Deus parecia sorrir-lhe.
- Boas festas! - desejou-lhe então, a sorrir também.
Contente daquela palavra que lhe saíra da boca sem sa­ber como, voltou-se e deu com o andor da procissão arru­mado a um canto. E teve outra ideia. Era um abuso, evi­dentemente, mas paciência. Lá morrer de frio, isso vírgula! Ia escavacar o arcanho. Olarila! Na altura da romaria que arranjassem um novo.
Daí a pouco, envolvido pela negrura da noite, o cober­to, não desfazendo, desafiava qualquer lareira afortunada. A madeira seca do palanquim ardia que regalava; só de se cheirar o naco de presunto que recebera em Carvas crescia água na boca; que mais faltava?
Enxuto e quente, o Garrinchas dispôs-se então a cear. Tirou a navalha do bolso, cortou um pedaço de broa e uma fatia de febra, e sentou-se. Mas antes da primeira bocada a alma deu-lhe um rebate e, por descargo de consciência, er­gueu-se e chegou-se à entrada da capela. O clarão do lume batia em cheio na talha dourada e enchia depois a casa toda.
- É servida?
A Santa pareceu sorrir-lhe outra vez, e o menino tam­bém.
E o Garrinchas, diante daquele acolhimento cada vez mais cordial, não esteve com meias medidas: entrou, diri­giu-se ao altar, pegou na imagem e trouxe-a para junto da fogueira.
- Consoamos aqui os três - disse, com a pureza e a ironia dum patriarca. - A Senhora faz de quem é; o pe­queno a mesma coisa; e eu, embora indigno, faço de São José.


« O Cristianismo vive do que poderíamos chamar um fundamental optimismo metafísico ao mesmo tempo que de um realismo histórico. O primeiro funda-se na fé, na criação, no Deus que fez surgir toda a realidade, que declarou muito bom tudo quanto tinha feito e que constituiu o homem senhor de tudo o resto e responsável de si, imagem do seu próprio ser, e com capacidade de chegar a ser semelhante a Ele, com uma semelhança que será fruto de uma liberdade acreditada no tempo. No princípio estão a vida, a liberdade e a história aberta. No princípio estão a palavra criadora de Deus, a acção animadora e sustentadora do espírito sobre a face informe do mundo. No princípio não está a morte, nem o pecado, nem a confusão da liberdade na incomunicação dos homens entre si *.

O. Qonzález de Cardedal


«O homem só existe como pessoa, e, por isso, não em elevada distância, fechada solidão ou afrontamento indiferente, mas em abertura e relação.
O que diferencia as coisas das pessoas é que aquelas são e estão condenadas à autonomia, quer dizer, à incomunicação e solidão, enquanto as pessoas estão destinadas à relação, à existência interdependente, a uma liberdade que não nasce face ou contra o próximo, mas da aceitação, oferta e acolhimento do outro, igualmente livre e soberano »

O. Qonzález de Cardedal




Jesus

Era uma história de amor …
(Portanto uma história de dor!
De sofrimento e de gemidos!
De silêncio e de esquecimento!
E de procura e de perda
De imolação e de perdão,
De agonia e de morte!)
Era uma história de amor.

J. A. Carmenes

quarta-feira, dezembro 27, 2006




« Os homens, no começo, sentiram alguma dificuldade em acostumar-se a Deus. Deus, no começo, sentiu alguma dificuldade em acostumar-se aos homens. E no século treze ainda se está no começo. No século vinte não estamos mais longe, não fizemos outra coisa senão marcar passo, atolando-nos um pouco mais nesse furor em espelho de Deus e dos homens, conforme nos dão testemunho a poeira dos nossos sapatos e o sangue em crosta nos nossos lindos fatos.
Francisco de Assis conhece Isaías […] conhece bem a Bíblia […] A voz de Deus está na Bíblia sob toneladas de tinta, como a energia concentrada sob toneladas de betão numa central atómica. O jovem de Assis foi irradiado por esta voz. Já nada mais quer senão transmiti-la […].

Há algo no mundo que resiste ao mundo, e este algo não se acha nas igrejas nem nas culturas nem no pensamento que os homens têm de si próprios, na crença mortífera que eles têm de si próprios enquanto seres sérios, adultos, razoáveis, e este algo não é uma coisa, mas Deus, e Deus não pode caber em nada sem logo o abalar, o arrasar, e Deus imenso não sabe caber senão nos estribilhos de infância, no sangue perdido dos pobres ou na voz dos simples, e todos esses abarcam Deus no côncavo das suas mãos abertas, um pardal encharcado como pão pela chuva, um pardal transido, chilreador, um Deus pipilante que vem comer nas suas mãos nuas.
Deus é o que sabem as crianças, não os adultos. Um adulto não pode perder tempo a alimentar os pardais».

Christian BOBIN, Um Deus à flor da Terra, 98

sexta-feira, dezembro 22, 2006



Natal

- da noite para o dia -


As luzes do Natal

Quando os dias se fazem mais curtos, quando os primeiros sinais de Inverno se fazem presentes, timidamente, silenciosamente despertam em nós os primeiros sentimentos e pensamentos de Natal. E desta simples palavra “Natal” brotam sentimentos tão numerosos e tão diferentes que, parece, nenhum coração humano lhe resiste.
Mesmo aqueles para quem a história da Criança que nasce em Belém não diz nada se prepararam para a festa e se interrogam sobre a forma como, nesta quadra, fazer acontecer o amor ao seu redor. Festa do amor e da alegria, o Natal é assim uma espécie de estrela de Inverno para a qual todos caminham e da qual todos partem.
Mas que estrela é essa? O que ilumina ela? E que representa?
Podíamos tentar aqui uma espécie de brincadeira. Imaginemos que neste momento todas as luzes se apagavam e que tínhamos de dizer quantas e quais a coisas que se encontravam na sala onde nos encontrássemos. Ou lembremo-nos do nosso levantar todos os dias pela manhã: qual é a primeira coisa que vemos? E porquê? Uns vêm o despertador (olhando … “vê-se” o tempo diante de nós); outros vêem a pessoa amada (olham e “vêem” o amor); outros vêm um qualquer objecto que tenham junto de si (o olhar marca uma proximidade), etc. Em qualquer caso o olhar que se detém em algo ou em alguém (uma realidade física) reenvia para algo não-físico (tempo, amor, fidelidade, compromisso).


Natal não é apenas um aniversário

Por tudo isto, o Natal não é apenas um aniversário. É sempre um acontecimento novo. É um nascimento. Aliás, nós somos sempre passado, presente e futuro. Ou, como dizia Sto Agostinho, somos o presente do passado e isso é a memória; somos o presente do presente, e isso é a visão; e somos o presente do futuro e isso é a esperança[1].
Natal é uma aparição de Deus entre os homens; é sim o nascimento de uma criança que só Deus podia dar ao mundo, uma criança nascida de uma mulher. Mas que vem de Deus e que vai ser no mundo a “narrativa” e a “explicação” de Deus
[2].
Então este nascimento não é uma metáfora; é sim uma realidade histórica que permanecerá como sinal. Um nascimento que é um sinal porque contém em si tudo aquilo que mais desejamos mas que precisa ser tocado por nós. É como que uma semente que só floresce em contacto com a atmosfera das nossas vidas. É por isso que o Natal não é um aniversário de algo passado e que tenha ficado preso nesse passado. Não! Natal é hoje!
“Hoje nasceu o nosso Salvador” diz s. Lucas. Dizer “Hoje nasceu” é um daqueles casos em que a nossa linguagem não se reduz a um comentário ao que acontece ou ao que fazemos, mas é sim um acção verdadeira. A linguagem do amor é sempre assim, a linguagem existencial é sempre assim.
Na nossa vida o presente (“Hoje”) tem, de facto, um valor imenso, fundamental e particular porque é o horizonte que nos permite tocar a vida na sua maior autenticidade e realidade. É o horizonte que nos permite relacionar a vida ao Bem, à Verdade que nos transcende, à Presença que nos alimenta.
Esta é uma daquelas dimensões da vida em que não dizemos o que fazemos (o tal comentário), mas antes fazemos o que dizemos. Ao dizermos estamos a permitir que se produzam efectivamente em nós os sentimentos que expressamos: uma verdadeira sintonia com o fundamento da realidade. Por isso cada momento é sempre o mesmo e é sempre novo.

Um povo que andava nas trevas viu uma luz

Os textos bíblicos de Isaías referem-se, profeticamente, ao Natal desta forma: O povo que andava nas trevas viu uma grande luz. Para aqueles que habitavam no país das trevas uma luz começou a brilhar (Is 9, 1).
O texto tem, evidentemente, um contexto histórico próprio e objectivo: o povo de Israel experimentou a deportação e o exílio, mas não se rendeu à desgraça, alimentou a esperança. Este é, contudo, um texto profético que continua a profetizar. Podemos ler este texto através do “Hoje” que transforma em “eterno presente” o seu dinamismo interno e a verdade que diz.
Biblicamente, as trevas são sempre sinal de desgraça, de opressão, de cativeiro ou mesmo de morte. Em sentido inverso a luz é sempre sinal de libertação, salvação, visão clara, conhecimento, discernimento, enfim sinal de verdade e de autenticidade.
Lido em retrospectiva este texto diz respeito à libertação de Israel do cativeiro da Babilónio, mas diz também respeito à esperança de uma felicidade mais profunda por parte de Israel. Qual foi a luz que Israel viu? A liberdade, sem dúvida. Mas também a sua esperança mais profunda realizada: “Encontrareis um menino envolto em panos e deitado numa manjedoira” (Lc 2, 12) diz o Evangelho de Lucas. E é aqui que se vislumbra o sinal do Natal, a sua luz.
O sinal dado aos pastores naquela noite é um sinal extremamente simples, um sinal extremamente pobre. É um sinal que pertence à humanidade simples: uma criança nasce, mas na simplicidade e pobreza de um estábulo; uma criança nasce mas vê negada a hospitalidade.
Eis o sinal, a luz do natal. Tudo está aqui condensado. É uma criança pobre, uma criança simples que nasce: o Senhor e salvador, o Messias aguardado, é uma criança pobre, filho de pobres, nascido na pobreza
[3]. A Luz mais brilhante do Natal é, portanto, esta relação entre a pobreza e a glória, a relação entre a simplicidade e a glória. Como quem diz que a primeira e grande nota da solenidade é a sua simplicidade, a sua autenticidade, a sua verdade.
O início de uma vida de homem sobre a terra: é, talvez, esta simplicidade a razão da universalidade da mensagem do Natal: esta criança viverá a maior parte da sua vida no meio dos homens do seu tempo; passará pelo mundo fazendo o bem ; realizando sinais ligados às necessidades dos homens, realiza a relação e comunhão dos homens com Deus e dos homens entre si: pão e vinho multiplicados, saúde reecontrada, natureza e homem reconciliados, fraternidade restabelecida, a vida e o amor reafirmados como mais fortes que a morte.
E será a vivência quotidiana de tudo isto que fará com que seja reconhecido como Filho de Deus.


Vida entregue a Cristo: da noite para o dia

“Hoje nasceu o nosso Salvador”. O “Hoje” do nosso Natal é, portanto, o hoje deste encontro entre cada um de nós e a verdade desta criança. Nós não celebramos hoje Natal como há dois mil anos. Celebramo-lo com a Criança já inteiramente revelada. O Natal faz apelo a toda a vida, a todas as palavras de Jesus Cristo, a todas as suas acções, a todos os seus gestos. E o “Hoje” do Natal é o momento do encontro com essa simplicidade da verdade e da autenticidade.
Como a vida da humanidade seria diferente se a simplicidade do Natal se expandisse pelas vidas de todos e cada um. Simplicidade que significa descomplicar a vida do dia a dia; simplicidade que significa aquela nossa fome natural de sentido, de segurança e de afecto; simplicidade que significa autenticidade sem representações.
O “Hoje” do Natal é trazer á nossa vida cada modo de agir, cada modo de pensar, cada modo de resolver a vida que Jesus assumiu. De facto, o que seria a nossa vida e a vida de toda a humanidade, as nossas relações, os nossos confrontos, se lhes conseguíssemos juntar aquele amor que dá tudo e se entrega todo que vimos acontecer em Jesus de Nazaré?! E se lhe copiássemos essa forma livre e autêntica de ser e de estar?!
As luzes do nosso Natal são a expressão da ânsia dessa luminosidade. São símbolos dos desejos interiores que ainda não conseguimos realizar. Queremos estar iluminados por dentro e para não nos esquecermos acendemos as luzes fora como que a dizer-nos: que bom será o mundo quando for Natal! De facto, aquela criança fez-se homem para nos ensinar a viver no mundo (Tt 2, 11 – 12).
No hemisfério norte os símbolos naturais são extremamente forte neste período. E os primeiros cristãos integraram-nos na sua vivência. Todos os anos os cristãos, como todos os seus concidadãos, reparavam que a partir do equinócio do Outono se acentuava progressivamente o declínio da luz: as noites são cada vez maiores e os dias cada vez mais pequenos. No momento do solstício de Inverno a situação inverte-se e a luz do dia começa a conquistar tempo sobre a noite: os dias começam a crescer e as noites a ficar mais pequenas. No calendário juliano, o solstício de Inverno acontecia por 25 de Dezembro. E os cristãos começaram a celebrar aí Natal: Jesus, cada Palavra sua, cada gesto seu, cada acção sua é a Luz, o novo Sol da justiça e da verdade: por causa daquela criança e existencialmente, a luz afirma-se sobre a escuridão, efectiva-se uma passagem das trevas para a luz, uma passagem, enfim, da noite para o dia! E é isso o Natal: da noite para o dia!

P. Emanuel Matos Silva

[1] SANTO AGOSTINHO, Confissões XI, 21, 26.
[2] Cf. Enzo BIANCHI, Donner sens au temps (Paris: Bayard, s/d) 19.
[3] Cf. Enzo BIANCHI, op. cit.

terça-feira, dezembro 05, 2006

Rezar pelas Vocações

- a gratidão do Seminário –


“Tu amas-Me?” pergunta Jesus
Decorreu de 12 a 19 de Novembro a Semana dos Seminários. Foi uma semana em que a Igreja foi desafiada a lembrar mais intensamente na oração os Seminários, seus Seminaristas e formadores. Tendo como tema de reflexão a interrogação de Jesus a Pedro (“Tu amas-Me?”) e a consequente missão em que Jesus investe Pedro (“Apascenta as minhas ovelhas”), esta semana foi, de facto, uma ocasião para sentir como Jesus Se prolonga e faz presente na Igreja, na Palavra e no Sacramento e, por isso, necessita de homens baptizados que, deixando-se apaixonar por Jesus Cristo, Lhe respondam como Pedro (“Tu sabes que Te amo”) e se deixem enviar para evangelizar.
A Luz dos Povos é Cristo, mas a Igreja é o seu Sinal ou Sacramento. É precisamente esta sacramentalidade da Igreja que necessita de ministros para agir. A Igreja é Corpo de Cristo e neste Corpo cada cristão, cada baptizado, tem um lugar, uma vocação e uma missão que se pode resumir na permanente proximidade em relação a Jesus e aos irmãos bem como no testemunho do seu sentido de vida. Mas para que todos os cristãos possam realizar a sua vocação e missão, Jesus fez-Se continuar nos Apóstolos e, depois, seus sucessores. A vocação do Bispo na Igreja e, enquanto seus colaboradores, a vocação dos padres, tem este fundamento e razão de ser: é um serviço ao baptismo (à fé, portanto) de todos os cristãos. São eles, no seguimento de Jesus e unidos a Jesus Vivo e presente, que têm como missão fazer crescer na fé todos os outros cristãos. Consagram-se para isso e toda a sua vida, afectiva e institucionalmente, é referida a essa missão: ensinar, santificar, conduzir.
Uma vocação assim – de verdade - só pode brotar de um encontro pessoal com Jesus no meio e na vida da Igreja. Não é um dom para usar e usufruir apenas pessoalmente, é um dom à comunidade. Por isso as vocações de consagração, o sacerdócio em particular, hão-de nascer na comunidade e da experiência da fé vivida comunitariamente. E aí Deus chama gratuitamente e às vezes inesperadamente, mas também chama pelas necessidades que a comunidade sente em termos do cuidado da sua fé. Vigilância cristã é, sobretudo, uma atitude de disponibilidade às manifestações de Deus e ao que Ele inspira. É então precisamente aqui que entra o dinamismo da oração. Deus só se entende bem na oração. Só rezando se percebe bem o que Deus quer de nós e o que Deus quer da nossa Igreja. A vocação é mistério da mais profunda autenticidade e a oração é a relação por excelência onde se aprende e se caminha para a autenticidade. Já tentaram rezar uma mentira? Nunca funciona pois não? Não, de facto, não funciona. Então a oração ajuda a descobrir a vocação e as vocações. A oração ajuda a não ter medo de responder pessoalmente ao Mestre que chama e quando chama.
Rezando pelas vocações, e pelos Seminários em particular, é a própria comunidade cristã que sente e se consciencializa de que o Seminário é parte integrante de si mesma: é a continuação do grupo que Jesus estabeleceu com os doze para os ensinar e, depois, os enviar. Só rezando a Igreja compreende e valoriza o seu Seminário.


Senhor, dai-nos muitos e santos sacerdotes
O Secretariado Diocesano da Pastoral das Vocações (formado em grande parte pelos nossos Seminaristas mais velhos) tem promovido, desde o início deste ano pastoral, a oração pelas vocações. É esse, aliás, o grande pedido que tem feito nas comunidades paroquiais por onde tem passado: que se reze pelas vocações e, em particular, pelos seminaristas.
Em qualquer contexto se pode rezar pelas vocações e lembrar ao Senhor os nossos Seminaristas: nas Eucaristias das comunidades, nas celebrações da Palavra, no Terço, na Liturgia das Horas, nas adorações do Santíssimo Sacramento, na oração pessoal e comunitária. E é muito importante que isso se faça. Mas este ano, para ajudar, o SDPVocações dinamizou uma cadeia de oração por Sms (mensagem de telemóvel): deixando uma mensagem ou enviando um toque para o 917097173, recebeu-se a partir do primeiro domingo do Advento, uma pequena oração que, mais ou menos à mesma hora, coloca pessoas nos mais variados e distantes locais a rezar em comunhão com a mesma intenção: as vocações, particularmente as sacerdotais, na nossa Diocese. E o desafio foi acolhido e ultrapassou as fronteiras das mensagens de telemóvel: das imensas pessoas que receberam a primeira mensagem, muitas quiseram retribuir e mostrar que estavam presentes. E foram, sem dúvida, momentos fortes de oração de uma Igreja que, nas suas comunidades, se quer voltar para o Senhor. Jovens e adultos fizeram chegar ao SDPVocações e aos Seminaristas a expressão da sua oração.
Uma conclusão se pode tirar já: a Igreja sente a falta das vocações de especial consagração e sabe, confiante, que só junto de Deus as encontrará.

Bem-hajam pela oração
Durante a Semana dos Seminários foram muitas as mensagens que chegaram ao Seminário dando conta de que a Diocese não se esquecia de rezar pelos seus Seminaristas. Comunidades Religiosas, Comunidades Paroquiais, Párocos, Famílias, Jovens e menos Jovens de todos os cantos da Diocese expressaram a sua presença junto dos Seminaristas. A mensagem podia ser comum (“é para vos dizer que nesta Semana dos Seminários a nossa Paróquia de … e o seu Pároco os lembrou em oração e pediu ao Senhor que os faça sempre felizes e santos”) mas cada uma trazia o seu ritmo particular e a sua experiência comunitária de oração. Lembro uma que nos dizia “Nesta Semana dos Seminários o nosso coração está mais perto do Coração da Diocese (Seminário) e lembra na oração cada um dos Seminaristas”. Ou aquela que nos confidenciava “que olhar para o Seminários, para os Sacerdotes e para os Seminaristas sem me querer tornar um deles é um desafio a que não sei se conseguirei resistir muito tempo. Rezem por mim”. Ou aquela outra de alguém que dizia “espero um dia poder juntar-me a vós”.
Enfim, com muitas formas e de muitas maneiras, o Seminário foi objecto do carinho e da oração de tantos e tantos cristãos na nossa Diocese. Sacerdotes que telefonaram, doentes que ofereceram os seus sofrimentos por esta intenção foram ocasiões de perceber o mistério da vocação como um mistério de fé.
E houve uma Paróquia da nossa Diocese que nos surpreendeu de maneira extraordinariamente bela: cada uma das crianças, muitas dezenas, da Catequese Paroquial de Nisa, escreveu uma carta aos Seminaristas. Mensagens de extrema beleza e simplicidade com desenhos dos mais novitos e dizendo que rezavam para que um dia os agora Seminaristas fossem bons padres. Ou então mensagens mais elaboradas com textos de autêntica partilha de sentimentos dos mais velhos a encorajar a opção de seguir Jesus e a pedir aos Seminaristas uma oração.
É por tudo isto e pelo muito que fica por dizer que o Seminário quer agradecer a Deus e aos cristãos da nossa Diocese. Na nossa oração não vos esqueceremos. Sentir-vos perto ajuda o nosso discernimento e credibiliza a nossa experiência. Mas temos ainda um pedido mais: nunca nos esqueçam na vossa oração e desafiem mais gente a que reze pelas vocações e, em particular, pelas vocações sacerdotais. Seguramente Deus ouvir-nos-á e dir-nos-á o que fazer. Sempre o fez. Não era agora que nos faltaria.

P. Emanuel Matos Silva

domingo, novembro 05, 2006





12 a 19 de Novembro de 2006
Semana dos Seminários

Vamos rezar pelos nossos Seminaristas:

  • Leonel de Matos Lopes (Paróquia da Ponte de Sor): 2º ano
  • Nuno Miguel Lopes Silva (Paróquia da Bemposta): 2º ano
  • Gilberto Manuel Antunes Fernandes (Paróquia da Isna): 3º ano
  • Daniel Santos Almeida (paróquia do Salgueiro): 5º ano

_________________________________________________________

Senhor Jesus,
Obrigado pela generosidade de tantos sacerdotes
Que, confiantes no Teu amor,
Te entregaram o coração e a existência.
Obrigado pelos nossos jovens seminaristas
Que, fixando o olhar no Teu, procuram, no mais íntimo das suas vidas
Responder, com verdade,
Ao teu inquietante chamamento.

Senhor Jesus,
Também a mim, como outrora a Pedro,
Tu diriges a pergunta:
“ Tu amas-Me?”.
Concede-me uma fé inabalável no Teu amor,
Para que Te possa responder,
Com verdade e sem reservas,
E a Ti me entregue sem medos ou condições.

Senhor Jesus,
Ajuda-me a amar a Tua Igreja,
Na qual aprendi a conhecer-Te e a amar-te,
Para que, vendo as suas necessidades,
Acolha com confiança o teu pedido:
“Apascenta as minhas ovelhas”.
Que em mim se cumpra o que Tu queres
e não o que eu quero.
Ao teu amor me entrego e consagro a minha vida.

(Oração da Semana dos Seminários 2006)


quinta-feira, outubro 26, 2006



"Quereis saber quão feliz, quão alto e quão digno de ser festejado é o Nascimento de Maria? Vede o para que nasceu. Nasceu para que d’Ela nascesse Deus. (...) Perguntai aos enfermos para que nasce esta celestial Menina, dir-vos-ão que nasce para Senhora da Saúde; perguntai aos pobres, dirão que nasce para Senhora dos Remédios; perguntai aos desamparados, dirão que nasce para Senhora do Amparo; perguntai aos desconsolados, dirão que nasce para Senhora da Consolação; perguntai aos tristes, dirão que nasce para Senhora dos Prazeres; perguntai aos desesperados, dirão que nasce para Senhora da Esperança.
Os cegos dirão que nasce para Senhora da Luz; os discordes, para Senhora da Paz; os desencaminhados, para Senhora da Guia; os cativos, para Senhora do Livramento; os cercados, para Senhora da Vitória. Dirão os pleiteantes que nasce para Senhora do Bom Despacho; os navegantes, para Senhora da Boa Viagem; os temerosos da sua fortuna, para Senhora do Bom Sucesso; os desconfiados da vida, para Senhora da Boa Morte; os pecadores todos, para Senhora da Graça; e todos os seus devotos, para Senhora da Glória.
E se todas estas vozes se unirem em uma só voz, dirão que nasce para ser Maria e Mãe de Jesus"



P. António Vieira(Sermão do Nascimento da Mãe de Deus).

terça-feira, outubro 24, 2006






O desafio de parar para reflectir

- Elementos de ajuda para um retiro pessoal -



Em grupo ou individualmente, muitos cristãos tonificam a sua vida espiritual cristã com tempos de retiro ou de recolecção. Acontece em qualquer tempo e sempre que se perceba necessário e útil. Mas, tradicionalmente, o tempo de Quaresma, preparando a celebração do Mistério Pascal, é um dos momentos preferidos.
Existem diversas formas de fazer retiro quanto à duração e dinâmica de realização. Podem ter um dia, um fim de semana, uma semana, um mês. Podem ser realizados em grupo ou individualmente. Podem ter ou não um orientador definido. Normalmente sai-se de casa e procura-se um local que ajude, pelo silêncio e pelo enquadramento, a fazer essa paragem. Mas também há já retiro acompanhados através da Net. Basta escolher o site, definir o retiro pretendido, inscrever-se e, através da Net, podemos ter em casa ou em outro local, e no decorrer dos dias de trabalho, a possibilidade de fazer retiro. O acompanhamento pessoal é, contudo, sempre um elemento importante no retiro e que pode fazer a diferença entre um “bom retiro” ou um “desperdício de tempo”. O importante, contudo, é que sejam momento de paragem e de reconstrução da relação afectiva com Deus. A afectividade é precisamente aquilo que nos liga aos outros, às coisas, aos projectos e ideais, ao próprio Deus. É o que nos faz experimentar sair de nós mesmos e confiar. E é precisamente essa dimensão do nosso ser que é bom fazer parar, reflectir e comprometer de novo. Fazer retiro pode ser uma experiência interessantíssima de encontro com Deus e de transformação do coração para nos colocarmos ao seu serviço.
O que se segue é um exemplo de sequência de textos bíblicos que conduzem a uma caminhada de reflexão pessoal. Aponto-os apenas como partilha de uma possibilidade para que, alguém que deseje, possa parar algum tempo e rezar.


Retiro:
Rezar as perguntas de Jesus


1º dia (à noite)
"Que queres que Eu te faça ?" (Lc 18, 35-43)

Ler e meditar os textos. Jesus pergunta-me a mim também "Que queres que te faça ?"O que preciso que Jesus me faça ? Tenho coragem e lucidez para dizer o que, de verdade, preciso ? Quais são os problemas que preciso de ver ultrapassados ? Posso dizê-los a Jesus para, como fez ao cego, me "curar" ? O cego pediu a Jesus "que eu veja Senhor". E nós que pedimos ? Aprofundar a consciência de que "tocar Jesus", ou ser por Ele tocado, é abeirar-se do seu Mistério e Pessoa e assumir os seus desafios. E isso cura.

2º dia

- 1º momento " Que é o homem, Senhor, para que vos lembreis dele ?" (Salmo 8); " Vós conheceis o íntimo do meu ser" (Salmo 138)
Meditar sobre quem é a pessoa humana, quem somos nós. Situar-se, desde o início, nesta verdade: somos criaturas dependentes de Deus, mas que, todos os dias, temos que fazer opções. Como tenho vivido ? Apenas com base no que "devo fazer" ? Apenas com base no que "quero fazer" ?

- 2º momento: "Pai dá-me a parte da herança que me cabe ..." (Lc 15, 12 ...)
Meditar a Parábola do Filho Pródigo: Para me sentir feliz tenho de me afastar dos outros e da "casa do Pai" ? Como lido com as ideias que outros pensam ? Como vejo a "interferência" dos outros na minha vida ? Pensar e reflectir as solidões em que caímos por não nos relacionarmos nem ouvirmos os outros. Somos o "irmão mais novo", o "irmão mais velho", ou o "Pai" nas nossas atitudes espontâneas.

- 3º momento: " A verdade vos libertará" (Jo 8, 30-32)
Meditar esta Palavra com base na atitude de que só assumindo a nossa verdade nos libertaremos e ultrapassaremos as nossas dificuldades...

3º dia

1º Momento: " Homem de pouca fé, porque duvidaste ?" (Mt 14).
Rezar e meditar a dimensão do pecado. O pecado é sempre da ordem da desconfiança (não confiança em Deus). É querer salvar-se apenas pelas próprias forças.

2º Momento: " Quem dizem os homens que Eu sou ?" (Mc 8, 27-30)
À luz deste texto e outros paralelos contemplar a vida e mistério de Jesus Cristo. Quem é verdadeiramente Jesus ? A sua Encarnação, Vida, Morte, Ressurreição revelam-me alguma novidade de Jesus ?

3º Momento:" Tu amas-Me ?" (Jo 21, 15 ss)
É ao Pedro da "negação" que Jesus entrega o cuidado do seu rebanho, mas primeiro quer a confissão do amor pelo seu projecto, Reino e Pessoa.

4º dia

1ºMomento: "Podeis beber os cálice que Eu estou para beber?" (Mt 20, 20 ss);"Chamou os que quis ..." (Mc 3, 13).
Rezar e meditar o chamamento de Jesus a segui-l'O.
Chamamento de Jesus:
- 1º )Estar com Ele e fazer como Ele
- 2º) Estimula em nós a dinâmica do "mais de nós" e não do "maior que outros"
- 3º) Pede despojamento

2º Momento: "Que discutíeis pelo caminho ?" (Mc 9, 33).
Meditar e rezar as opções que temos de realizar para seguir de perto Jesus Cristo. Que discutimos ou de que falamos mais normalmente no dia a dia ? Valores a eleger no dia a dia: Verdade, Sinceridade, Humildade.

3º Momento: "Quem procurais ?" ( Jo 1, 38).
Meditar e rezar a própria Oração. O que é a oração ? Como tenho rezado ? (Rom 8, 26- 30; Lc 18, 9-14; 16-17) Duas atitudes essenciais para a oração: Humildade e Confiança. "Rezar é tratar de amizade muitas vezes a sós com Deus que sabemos que nos ama" (Sta. Teresa de Ávila).

5º dia (final)


1º Momento: "Compreendeis o que vos fiz ? Fazei-o de igual modo." ( Jo 13. 12 ss).
O que é que Jesus nos fez ? Lavou os pés ! Mas a atitude de lavar os pés é símbolo e expressão de toda a vida de Jesus: Deus que serve o homem, assume a humanidade para a purificar do pecado, caminha com ela para a conduzir ... foi isso que Jesus nos fez. Somos chamados a fazer o mesmo aos nossos irmãos ... não apenas como nós queremos, mas sim como eles precisam. Fazer uma releitura do retiro, mas também de toda a vida. Rezar os dons que Deus concedeu durante a vida. Lembrar os principais momentos.
O tempo de retiro dinamiza a vida cristã na medida em que, numa experiência de caminho:
- Coloca aquele que se retira perante a verdade de si como alguém que tem que servir e escolher e perante o reverso desta perspectiva que é o pecado;
- Ensina a seguir o caminho de Cristo, estimulando a sua afectividade (amor) apresentando o servir e o escolher qualificados agora pelo serviço que se aprendeu de Cristo.
- Finalmente, o serviço e a escolha convertem-se em comunhão é uma resposta a orientar e desafiar toda a vida: Vós me destes tudo, Senhor; a Vós o restituo
___________________________________________

P. Emanuel Matos Silva

quinta-feira, outubro 12, 2006







Tomai, Senhor, e recebei
toda a minha liberdade,
a minha memória,
o meu entendimento
e toda a minha vontade.


Tudo o que tenho
e tudo o que possuo
Vós mo destes.

A Vós, Senhor, o restituo.
Tudo é vosso,
disponde de tudo
segundo a vossa inteira vontade.

Dai-me o vosso amor
e a vossa graça
que isso me basta.

Sto. Inácio de Loyola

quarta-feira, outubro 11, 2006




"Cristo está cá e chama-te" (Jo 11, 28)

Vamos rezar pelas Vocações

- Sacerdotais: para que muitos jovens aceitem o chamamento de Deus para serem padres na nossa Igreja diocesana;

- Religiosas: para que muitos jovens se apaixonem por Cristo e queiram manifestá-l'O na sua vida através da pobreza, obediência e amor consagrados a Deus;

- Matrimónio: para que muitos jovens sintam a paixão do matrimónio como vocação cristã à qual Deus chama e para a qual Deus dá a sua força;

- Monges e Monjas: para que muitos jovens queiram falar dos homens a Deus no silêncio e na solidão contemplativos.

Senhor Jesus que chamaste tantos e tantos homens e mulheres a seguirem o teu caminho, dá-nos a coragem de ouvir a tua Palavra que chama e dá-nos a força e a ousadia de a pormos em prática na nossa vida. Hoje e sempre.






Tua presença, Senhor


Dizem que Tu nos falas, Senhor,
Mas eu nunca ouvi a tua voz
Com os meus próprios ouvidos.
As únicas vozes que ouço
São as vozes fraternas
Que me dizem
palavras essenciais.

Dizem que Tu te manifestas, Senhor,
Mas eu nunca vi o teu rosto
Com os meus próprios olhos.
Os únicos rostos que vejo
São os rostos fraternos
Que riem, choram e cantam.

Mas, se és Tu, meu Deus,
Quem me oferece
Estas vozes, estes rostos,
Estes companheiros e amigos,
Estas mãos
E estes corações fraternos,
Então,
Mesmo no mais profundo silêncio ou ausência,
Tu te tornas,
Por todos estes irmãos,
Palavra e presença.
E eu confio na tua presença
E no teu amor.
E isso faz a minha vida
Ser diferente.



(Autor desconhecido)

terça-feira, outubro 10, 2006







LADAINHA DA HUMILDADE




Ó Jesus, manso e humilde de coração, ouvi-me:

· Do desejo de ser estimado
· Do desejo de ser amado
· Do desejo de ser enaltecido
· Do desejo de ser honrado
· Do desejo de ser louvado livrai-me Jesus
· Do desejo de ser preferido a outros
· Do desejo de ser consultado
· Do desejo de ter aceitação

· Do temor de ser humilhado
· Do temor de ser desprezado
· Do temor de receber repulsas
· Do temor de ser caluniado
· Do temor de ser esquecido livrai-me Jesus
· Do temor de ser ridicularizado
· Do temor de ser injuriado
· Do temor de ser suspeito

Jesus, dai-me a graça de desejar:

· Que os outros sejam mais amados do que eu
· Que os outros sejam mais estimados do que eu
· Que os outros possam crescer na opinião do mundo e eu diminuir
· Que os outros possam ser colocados em postos elevados e eu preterido
· Que os outros possam ser louvados e eu esquecido
· Que os outros possam ser preferidos a mim em todas as coisas
· Que os outros possam ser mais santos do que eu, contando que eu seja o mais santo que puder

domingo, outubro 08, 2006


Interfere connosco. Visita o nosso blog, dá-o a conhecer, troca ideias connosco, comenta, reza, propõe, etc.
Escreve-nos, desafia-nos para uma actividade com o teu grupo, aceita também os nossos desafios, coloca questões e interrogações.
917 097 173
Entra na nossa "Sms.oração", uma experiência de oração em comunhão diocesana. Envia um "toque" ou uma sms para o telefone acima indicado e receberás, a partir de 3 de Dezembro, todos os domingos, uma oração pelas vocações. Reza connosco!

sábado, setembro 30, 2006




Secretariado Diocesano da Pastoral das Vocações
Diocese de Portalegre – Castelo Branco



Plano Pastoral de sector
2006 / 07


Tema: “O Mestre está cá e chama-te” (Jo 11, 28)



I - Objectivo geral:
Dinamizar a consciência vocacional da Igreja diocesana e assegurar o estabelecimento efectivo de uma pastoral das vocações específicas masculinas e femininas no âmbito da Diocese.

II - Objectivos específicos:
a. Sensibilizar e ajudar a despertar os cristãos ao nível da Diocese para a sua vocação baptismal e de vida eclesial

b. Dinamizar os cristãos para a compreensão da vocação presbiteral como indispensável à vida da Igreja; para a vocação matrimonial como fonte de famílias cristãs; para a vocação à vida monástica, apostólica, missionária; para todas as formas de vida consagrada.

c. Proporcionar meios adequados de formação, crescimento, acompanhamento, discernimento e opção aos jovens e às jovens que se interrogam vocacionalmente.

III – Linhas de acção
a. Constituição de uma Equipa diocesana de trabalho, delimitação de campo, funções e responsabilidades (Equipa Diocesana: P. Emanuel Matos Silva e Seminaristas Maiores Daniel Santos Almeida, Leonel Lopes, Nuno Silva, …)

b. Estabelecimento de parcerias de programação e inter - acção com outros Secretariados diocesanos (Estabelecido já um com o SDPJovens);

c. Produção e publicação em suporte de papel de um “Guia Diocesano das Vocações”;

d. Participação nas Eucaristias dominicais e realização de actividades em paróquias ou arciprestados da Diocese ao longo do ano (Sequência: Arciprestado de Abrantes; Arciprestado de Mação; Arciprestado de Nisa e de Castelo de Vide; Arciprestado de Castelo Branco; Arciprestado de Ponte de Sor)

e. Criação de site (ainda não está criado) e blogs (www.provocacao33.blogspot.com) na net para inter-acção;

f. Realização de uma Vigília de oração a nível diocesano com ritmo mensal e em colaboração com o Secretariado Diocesano da Pastoral da Juventude (Uma vez por mês em Nisa);

g. Preparação e realização de um “Jornada Diocesana das Vocações” uma vez por ano por ocasião da semana de oração pelas vocações (22 ou 25 de Abril 2007, da 10h00 às 17h00)

h. Promoção de retiros e recolecções espirituais para jovens;

i. Realização de uma “Jornada portas abertas” nas Casas Religiosas e Seminários para conhecimento dos carismas vocacionais;

j. Realização do contacto de jovens com as Congregações, Padres e Institutos através da actividade “Um dia com…” ou “Um fim de semana com …”;

k. Constituição de grupos de caminhada vocacional (a funcionar em casas paroquias que estejam sem utilização e permitam ocupação durante um ano):

- “Laboratórios da fé”: encontro diocesano mensal (de duas horas) para aprofundamento da fé (a partir de Janeiro 2007)
- Encontros Sta. Teresa”: conhecimento e estudo da vocação religiosa (a partir de Janeiro 2007)
- “Encontros João Paulo II”: conhecimento e estudo da vocação sacerdotal (a partir de Janeiro 2007)
- Grupo GRUFES (Grupo de Formação de Estudantes) em esquema de “Pré-Seminário”
- Grupo GRUTAB (Grupo de Formação de Trabalhadores) em esquema de “Pré-Seminário”

l. Dinamizar a partilha de bens com o Secretariado e Seminário Diocesano para formação vocacional

m. Realizar e difundir material de apoio à oração pelas vocações nas comunidades paroquiais (Cartaz “O Mestre está cá e chama-te” – Vocações; folhetos; marcadores com as direcções do site e blog)

n. Realização de férias vocacionais, grupos de trabalho com religiosas e/ou padres, acampamentos;

o. Definição de datas para actividades de acordo com calendário diocesano


IV – Calendário de actividades


Outubro 2006
7 e 8 – Actividades em Paróquias
14 e 15 – Actividades em Paróquias
21 e 22 – Actividades de programação

Novembro 2006
4 – Vigília de Oração (21h30: Nisa)
4 e 5 - Actividades em Paróquias
11 e 12 – Actividades de programação
18 e 19 - Actividades em Paróquias

Dezembro 2006
2 - Vigília de Oração (21h30: Nisa)
2 e 3 - Actividades em Paróquias
9 e 10 - Actividades em Paróquias

Janeiro 2007
6 – Vigília de Oração (21h30: Nisa)
13 – Encontro Sta. Teresa
14 - Actividades em Paróquias
20 – Laboratórios da fé
21 - Actividades em Paróquias
27 – Encontro João Paulo II (JP II)

Fevereiro 2007
17 – Laboratórios da fé
- Vigília de Oração (21h30: Nisa)
18 - Actividades em Paróquias

Março 2007
3 – Caminhada com o SDPJ
- Vigília de Oração (21h30: Nisa)
4 - Actividades em Paróquias
10 e 11 – Actividades de programação
17 – Caminhada com o SDPJ
- Laboratórios da fé
18 - Actividades em Paróquias
24 – Caminhada Pego – Abrantes com o SDPJ
- Recolecção “Só para pecadores”
25 – Continuação da recolecção

Abril 2007
21 - Laboratórios da fé
- Vigília de Oração (21h30: Nisa)
22 - Actividades em Paróquias
25 – Jornada Vocacional Diocesana
29 – Jornada “Portas Abertas”

Maio 2007
5 – Enc. Sta. Teresa
6 - Actividades em Paróquias
19 – Via lucis com SDPJ
- Laboratórios da fé
- Vigília de Oração (21h30: Nisa)
20 – Enc. João Paulo II
26 – Vigília diocesana de Pentecostes (com o SDPJ)
27 – Peregrinação diocesana

Junho 2007
9 – Enc. Sta. Teresa
10 – Enc. João Paulo II
16 – Laboratórios da fé
- Vigília de Oração (21h30: Nisa)
17 - Actividades em Paróquias

Julho 2007
6, 7 e 8 - “Atreve-te” – fim de semana com os seminaristas.



Portalegre, 19 de Setembro de 2006
Secretariado Diocesano da Pastoral das Vocações

sexta-feira, setembro 22, 2006



Precisamos de Santos



Precisamos de Santos sem véu ou batina.
Precisamos de Santos de calças jeans e ténis.
Precisamos de Santos que vão ao cinema,
ouçam música e passeiem com os amigos.

Precisamos de Santos que coloquem Deus em primeiro lugar,
mas que se “esforcem” na faculdade.
Precisamos de Santos que tenham tempo todo dia para rezar
e que saibam namorar na pureza e castidade,
ou que consagrem a sua castidade.

Precisamos de Santos modernos, Santos do século XXI,
com uma espiritualidade inserida no nosso tempo.
Precisamos de Santos comprometidos com os pobres
e as necessárias mudanças sociais.

Precisamos de Santos que vivam no mundo, se santifiquem no mundo,
que não tenham medo de viver no mundo.
Precisamos de Santos que bebam coca-cola e comam hot dogs, que usem jeans, que sejam internautas, que escutem disc-man.

Precisamos de Santos que amem apaixonadamente a Eucaristia
e que não tenham vergonha de tomar um refrigerante
ou comer uma pizza no fim-de-semana com os amigos.
Precisamos de Santos que gostem de cinema, de teatro, de música, de dança, de desporto.

Precisamos de Santos sociáveis, abertos, normais, amigos, alegres, companheiros.

“Precisamos de Santos que estejam no mundo;
e saibam saborear as coisas puras e boas do mundo,
mas que não sejam mundanos”.



João Paulo II




Franciscanos


A Ordem e o seu Fundador:
A mais importante e mais antiga das Ordens Religiosas Mendicantes é a dos Frades Menores ou Franciscanos. Surgida no início do séc. XIII, a Ordem Franciscana deseja responder ao espírito da época e, sobretudo, ao grande movimento de revalorização do espírito da pobreza evangélica. Além disso, respondia igualmente ao sentimento global da necessidade de um maior contacto entre religiosos e leigos, ultrapassando os habituais esquemas monásticos e relacionando o ministério sacerdotal com a pregação e outras obras de apostolado.
O “fundador”, Francisco, nasceu em 1181 na cidade de Assis (S. Francisco de Assis). Seus pais foram Giovanna, la madonna Pica, assim chamada, e Pietro de Bernardone, rico comerciante de tecidos. No baptismo cristão recebeu o nome de João Baptista, escolhido pela mãe na ausência do pai que desejava para o filho o nome de Francisco.

Depois de uma juventude relativamente despreocupada, entre sonhos, ambições e lutas de cavalaria (participou na guerra entre Assis e Perúsia onde foi feito prisioneiro), Francisco sofre, em 1206, uma profunda transformação interior após uma grande enfermidade. Renunciando ao ideal de cavalaria, e renunciando à suas antigas honras , abraça um ideal de oração e penitência. Além disso, na fidelidade ao que podemos hoje definir de chamamento de Deus, dedica-se aos pobres e leprosos.

A sua vocação afirmou-se mais concretamente ainda quando, na Igreja de S. Damião, perto de Assis, Francisco, em profunda experiência de oração, ouviu de Cristo, por três vezes, as conhecidas palavras: “Francisco vai reparar a minha Igreja que, como vês, está totalmente em ruínas”.
Num primeiro momento Francisco entende as palavras de Cristo no seu sentido puramente material e, podemos dizer, torna-se pedreiro. É assim que ele recontrói a Igreja.
Mais tarde Francisco entende o sentido mais profundo das mesmas palavras de Cristo e percebe o apelo divino de uma outra maneira e com outras implicações.
Nesta fase da vida de Francisco de Assis acontece algo que não deixará de ser relevante. Extremamente revoltado com o comportamento de Francisco (que além de muitas outras coisas começara a distribuir bens ao mais pobres e a visitá-los nas suas habitações e lugares de permanência), o seu, Pietro de Bernardone, deserda-o e leva-o a tribunal eclesiástico. Diante da multidão, Francisco renuncia atudo o que possui, despe-se e entrega as roupas ao pai. Gesto profundo e profético que se explicitará na história futura. É o bispo da cidade que, com a sua capa episcopal, lhe cobre a nudez.Daqui em diante separado do mundo da riqueza, Francisco servirá, em despojamento total, a Igreja. Chamaram-lhe o “louco de Deus”. Estava definida a longa caminhada de Francisco para a vida.
Aos vinte e sete anos Francisco sente novo chamamento de Deus. A sua vocação define-se mais precisamente: seguir Cristo, como já tantos outros o haviam feito, na pobreza e na pregação.
Neste momento juntam-se a Francisco alguns companheiros. Sua regra era observar o Evangelho. Vestiam-se, como os pobres do lugar, com uma túnica com capuz atada à cintura com um cordão em vez dum cinto.
O grupo que, num primeiro momento, surge muito espontaneamente, começa a ganhar “estabilidade”. Chamr-se-ão frades penitentes ou frades menores. Em 1209 o Papa Inocêncio III aprova esta nova regra e a Ordem Fransciscana instala-se definitivamente na Porciúncula. Estavam lançados os alicerces da Ordem Franciscana.
O crescimento que se segue é extremamente rápido. Numerosos irmãos se lançam pelos caminhos de Itália fazendo, desta forma, expandir-se o espírito de Francisco de Assis na sua procura de uma vivência da pobreza evangélica como sinal do seguimento de Jesus Cristo.
Em 1212, colateral à ordem masculina, foi fundada a ordem feminina por Sta. Clara de Assis (pauperes Dominae de S. Damião, Clarissas).
Aos quarenta anos, fraco e fatigado, Francisco retira-se para os eremitérios de Rieti com o simples e único desejo de se unir a Cristo. É aí, em 1224 que se produz o prodígio dos estigmas de Cristo. As suas mãos, o seu lado e os seus pés são trespassados.
A morte de Francisco de Assis dá-se em 3 de Outubro de 1226. Dois anos mais tarde - 1228 - o Papa Gregório IX canoniza-o em Assis.

Como já se referiu, a Ordem Franciscana difundiu-se rapidamente em toda a Europa. No momento da morte de Francisco, o número de irmãos já ascendia a 5000. E, no Capítulo Geral de Estrasburgo, em 1282, contavam-se já 1583 Conventos divididos em 34 Províncias. Emmeados do séc. XIV o número de irmãos é de 30 000 no mundo inteiro.
No séc. XV a Ordem Franciscana dividir-se-à em duas Ordens autónomas. Os Observantes querem guardar uma íntegra fidelidade à primitiva Regra. Consideram-se como os legítimos herdeiros de S. Francisco. Do outro lado estão os Conventuais que abraçam um tipo de vida mais monástico. A divisão apenas será reconhecida por Bula papal em 1517.

Espiritualidade franciscana:
A espiritualidade franciscana, subsidiária do pensamento e da vida do seu fundador Francisco de Assis, possui as seguintes notas características:
- espiritualidade teocêntrica e cristológica;
- espiritualidade mariana;
- espiritualidade eclesial;
- espiritualidade evangélica;
- vida activa e contemplativa;
- virtudes características: caridade, pobreza, humildade, obediência,
simplicidade, prudência, mortificação, discreção, profunda e viva alegria.

Efectivos:
Neste momento os Franciscanos são, mais ou menos, cerca de 18500 espalhados por todo o mundo e repartidos em cerca de 3000 Conventos.

Formação:
A entrada na Ordem dos Frades Menores (Franciscanos) segue um processo definido em sucessivas etapas: postulantado (seis meses a um ano); noviciado ( um a dois anos); profissão dos votos temporários (três a nove anos); profissão dos votos definitivos.

Hábito:
Os Franciscanos usam, normalmente, o hábito castanho com capuz atado na cintura com um cordão simples.

Algumas figuras da Ordem Franciscana na História:
Santa Clara (1194-1253); São Boaventura (1221-1274); Sto. António (uns chamam-lhe de Lisboa, outros de Pádua; 1195-1231); S. Bernardino de Sena (1380-1444); João Duns Scoto (1266-1308); Guilherme de Ockham (1290-1350); S. Maximiliano Kolbe (1894-1941)


Ordem Franciscana em Portugal:
1) Frades Menores Conventuais - O.F.M.Conv.
- Diocese de Coimbra: Rua Brigadeiro Correia Cardoso, 18; 3000
COIMBRA;
- Diocese de Lisboa: Praça Dr. Fernando Amado, lote 566, 3ºI; 1900 LISBOA

2) Ordem dos Frandes Menores -Franciscanos O.F.M.
-Igreja de S. Francisco, largo de S. Francisco, 8000 FARO;
- Fraternidade Franciscana, Residência Paroquial, Calhetas, 9600
RIBEIRA GRANDE;
- Colégio das Missões Franciscanas, Montariol, 4701 BRAGA CODEX;
- Franciscanos, Rua Dias da Silva, 59, 3000 COIMBRA;
- Igreja NªSª da Penha, Rua da penha de França, 3; 9000 FUNCHAL;
- Igreja de S. Francisco, Rua do Almacave, 5100 LAMEGO;
- Convento de S. Francisco, Portela, marinha Grande - 2400 LEIRIA;
- Franciscanos, Rua Silva Cravalho, 34, 1200 LISBOA;
- Hospital de Jesus, Travessa da Arrochela, 2; 1200 LISBOA;
- Igreja-Casa de Sto. António à Sé, Rua das Pedras Negras, 1; 1100 LISBOA;
- Seminário da Luz, Largo da Luz, nº11, 1699 LISBOA;
- Convento de Sto.António, Varatojo, 2560 TORRES VEDRAS;
- Franciscanos, Rua António Nobre, 21, 4450 MATOSINHOS;
- Igreja do Calvário, Av Egas Moniz - 4560 PENAFIEL;
- Franciscanos, Rua dos Bragas, 321, 4000 PORTO;
- Residência Paroquial, Casais- 2300 TOMAR;
- Residência Paroquial, Lamarosa, 2350 TORRES NOVAS;
- Ordem Terceira de S. Francisco, Av 22 de Dezembro, 19, 2900 SETÚBAL;
- Paróquia de S. Pedro, Rua Combatentes da Grande Guerra, 49,
5000 VILA REAL.