terça-feira, dezembro 05, 2006

Rezar pelas Vocações

- a gratidão do Seminário –


“Tu amas-Me?” pergunta Jesus
Decorreu de 12 a 19 de Novembro a Semana dos Seminários. Foi uma semana em que a Igreja foi desafiada a lembrar mais intensamente na oração os Seminários, seus Seminaristas e formadores. Tendo como tema de reflexão a interrogação de Jesus a Pedro (“Tu amas-Me?”) e a consequente missão em que Jesus investe Pedro (“Apascenta as minhas ovelhas”), esta semana foi, de facto, uma ocasião para sentir como Jesus Se prolonga e faz presente na Igreja, na Palavra e no Sacramento e, por isso, necessita de homens baptizados que, deixando-se apaixonar por Jesus Cristo, Lhe respondam como Pedro (“Tu sabes que Te amo”) e se deixem enviar para evangelizar.
A Luz dos Povos é Cristo, mas a Igreja é o seu Sinal ou Sacramento. É precisamente esta sacramentalidade da Igreja que necessita de ministros para agir. A Igreja é Corpo de Cristo e neste Corpo cada cristão, cada baptizado, tem um lugar, uma vocação e uma missão que se pode resumir na permanente proximidade em relação a Jesus e aos irmãos bem como no testemunho do seu sentido de vida. Mas para que todos os cristãos possam realizar a sua vocação e missão, Jesus fez-Se continuar nos Apóstolos e, depois, seus sucessores. A vocação do Bispo na Igreja e, enquanto seus colaboradores, a vocação dos padres, tem este fundamento e razão de ser: é um serviço ao baptismo (à fé, portanto) de todos os cristãos. São eles, no seguimento de Jesus e unidos a Jesus Vivo e presente, que têm como missão fazer crescer na fé todos os outros cristãos. Consagram-se para isso e toda a sua vida, afectiva e institucionalmente, é referida a essa missão: ensinar, santificar, conduzir.
Uma vocação assim – de verdade - só pode brotar de um encontro pessoal com Jesus no meio e na vida da Igreja. Não é um dom para usar e usufruir apenas pessoalmente, é um dom à comunidade. Por isso as vocações de consagração, o sacerdócio em particular, hão-de nascer na comunidade e da experiência da fé vivida comunitariamente. E aí Deus chama gratuitamente e às vezes inesperadamente, mas também chama pelas necessidades que a comunidade sente em termos do cuidado da sua fé. Vigilância cristã é, sobretudo, uma atitude de disponibilidade às manifestações de Deus e ao que Ele inspira. É então precisamente aqui que entra o dinamismo da oração. Deus só se entende bem na oração. Só rezando se percebe bem o que Deus quer de nós e o que Deus quer da nossa Igreja. A vocação é mistério da mais profunda autenticidade e a oração é a relação por excelência onde se aprende e se caminha para a autenticidade. Já tentaram rezar uma mentira? Nunca funciona pois não? Não, de facto, não funciona. Então a oração ajuda a descobrir a vocação e as vocações. A oração ajuda a não ter medo de responder pessoalmente ao Mestre que chama e quando chama.
Rezando pelas vocações, e pelos Seminários em particular, é a própria comunidade cristã que sente e se consciencializa de que o Seminário é parte integrante de si mesma: é a continuação do grupo que Jesus estabeleceu com os doze para os ensinar e, depois, os enviar. Só rezando a Igreja compreende e valoriza o seu Seminário.


Senhor, dai-nos muitos e santos sacerdotes
O Secretariado Diocesano da Pastoral das Vocações (formado em grande parte pelos nossos Seminaristas mais velhos) tem promovido, desde o início deste ano pastoral, a oração pelas vocações. É esse, aliás, o grande pedido que tem feito nas comunidades paroquiais por onde tem passado: que se reze pelas vocações e, em particular, pelos seminaristas.
Em qualquer contexto se pode rezar pelas vocações e lembrar ao Senhor os nossos Seminaristas: nas Eucaristias das comunidades, nas celebrações da Palavra, no Terço, na Liturgia das Horas, nas adorações do Santíssimo Sacramento, na oração pessoal e comunitária. E é muito importante que isso se faça. Mas este ano, para ajudar, o SDPVocações dinamizou uma cadeia de oração por Sms (mensagem de telemóvel): deixando uma mensagem ou enviando um toque para o 917097173, recebeu-se a partir do primeiro domingo do Advento, uma pequena oração que, mais ou menos à mesma hora, coloca pessoas nos mais variados e distantes locais a rezar em comunhão com a mesma intenção: as vocações, particularmente as sacerdotais, na nossa Diocese. E o desafio foi acolhido e ultrapassou as fronteiras das mensagens de telemóvel: das imensas pessoas que receberam a primeira mensagem, muitas quiseram retribuir e mostrar que estavam presentes. E foram, sem dúvida, momentos fortes de oração de uma Igreja que, nas suas comunidades, se quer voltar para o Senhor. Jovens e adultos fizeram chegar ao SDPVocações e aos Seminaristas a expressão da sua oração.
Uma conclusão se pode tirar já: a Igreja sente a falta das vocações de especial consagração e sabe, confiante, que só junto de Deus as encontrará.

Bem-hajam pela oração
Durante a Semana dos Seminários foram muitas as mensagens que chegaram ao Seminário dando conta de que a Diocese não se esquecia de rezar pelos seus Seminaristas. Comunidades Religiosas, Comunidades Paroquiais, Párocos, Famílias, Jovens e menos Jovens de todos os cantos da Diocese expressaram a sua presença junto dos Seminaristas. A mensagem podia ser comum (“é para vos dizer que nesta Semana dos Seminários a nossa Paróquia de … e o seu Pároco os lembrou em oração e pediu ao Senhor que os faça sempre felizes e santos”) mas cada uma trazia o seu ritmo particular e a sua experiência comunitária de oração. Lembro uma que nos dizia “Nesta Semana dos Seminários o nosso coração está mais perto do Coração da Diocese (Seminário) e lembra na oração cada um dos Seminaristas”. Ou aquela que nos confidenciava “que olhar para o Seminários, para os Sacerdotes e para os Seminaristas sem me querer tornar um deles é um desafio a que não sei se conseguirei resistir muito tempo. Rezem por mim”. Ou aquela outra de alguém que dizia “espero um dia poder juntar-me a vós”.
Enfim, com muitas formas e de muitas maneiras, o Seminário foi objecto do carinho e da oração de tantos e tantos cristãos na nossa Diocese. Sacerdotes que telefonaram, doentes que ofereceram os seus sofrimentos por esta intenção foram ocasiões de perceber o mistério da vocação como um mistério de fé.
E houve uma Paróquia da nossa Diocese que nos surpreendeu de maneira extraordinariamente bela: cada uma das crianças, muitas dezenas, da Catequese Paroquial de Nisa, escreveu uma carta aos Seminaristas. Mensagens de extrema beleza e simplicidade com desenhos dos mais novitos e dizendo que rezavam para que um dia os agora Seminaristas fossem bons padres. Ou então mensagens mais elaboradas com textos de autêntica partilha de sentimentos dos mais velhos a encorajar a opção de seguir Jesus e a pedir aos Seminaristas uma oração.
É por tudo isto e pelo muito que fica por dizer que o Seminário quer agradecer a Deus e aos cristãos da nossa Diocese. Na nossa oração não vos esqueceremos. Sentir-vos perto ajuda o nosso discernimento e credibiliza a nossa experiência. Mas temos ainda um pedido mais: nunca nos esqueçam na vossa oração e desafiem mais gente a que reze pelas vocações e, em particular, pelas vocações sacerdotais. Seguramente Deus ouvir-nos-á e dir-nos-á o que fazer. Sempre o fez. Não era agora que nos faltaria.

P. Emanuel Matos Silva