quinta-feira, agosto 09, 2007


Preparando o Domingo
19º do Tempo Comum
12 de Agosto 2007
"Encontrar a Vossa presença
na minha vida, Senhor!"
A liturgia deste 19º domingo do Tempo Comum aborda um aspecto particularmente importante para a nossa vida e para o nosso testemunho cristão. Quantas vezes não ouvimos ou sentimos dizer à nossa volta algo como : “Em que é que a vinda de Cristo modificou o mundo?”. É um facto que os homens prosseguem as suas guerras fratricidas; ontem como hoje pratica-se a injustiça desprezando o direito dos mais fracos. Contudo, na fé, nós sabemos que tudo mudou a partir da ressurreição de Jesus e da inauguração do seu Reino: “a noite da libertação pascal” (1ª leitura) anuncia o regresso glorioso e definitivo do Senhor. Ele encarnou, Ele habita no coração da Igreja pelo seu Espírito, Ele “virá na sua glória, julgar os vivos e os mortos; e o seu Reino não terá fim”.
Certamente a maior parte de nós morre “sem ter visto a realização das promessas; mas vemo-las e saudamo-las de longe” (2ª leitura). A nossa fé é fidelidade a essa promessa, a esse futuro que orienta toda a nossa vida e faz de nós infatigáveis peregrinos do Reino. Cada Eucaristia relança a nossa caminhada: Jesus vem ter connosco para nos guiar para a frente, nós que somos “estrangeiros e peregrinos sobre esta terra” à procura de uma “pátria melhor, a dos céus” (2ª leitura). Dia após dia podemos prosseguir o nosso caminho e acelerar o passo no caminho da eternidade na medida em que acolhemos Cristo ressuscitado no nosso coração. Porque “a fé constitui a garantia dos bens que se esperam, e a prova de que existem as coisas que não se vêem” (2ª leitura). E isso desde que seja uma fé viva e activa pela caridade, ou seja, efervescente de um ardente desejo de comunhão, porque “onde está o nosso tesouro aí está o nosso coração”.
A vida cristã autêntica é uma vida sempre orientada para o Senhor que vem, vivida numa ardente espera do seu regresso: “Maranatha! Vem Senhor Jesus!” (Ap 22, 20). É o que nos ensina o próprio Jesus no Evangelho deste dia quando nos exorta insistentemente à vigilância: “Tende as vossas cintas apertadas e as vossas lâmpadas acesas. Sede como homens que esperam o seu senhor, quando voltar do seu casamento, para, assim que ele chegar e bater, lhe abrirem logo a porta. Estai vigilantes” (Evangelho).
Esta espera não é algo de puramente passivo: o servo fiel e sensato é aquele que, à chegada do seu senhor, está vigilante e no seu lugar. E a tarefa que lhe está confiada não é outra senão o serviço da caridade a exemplo do seu mestre. O senhor, aliás, tomará o lugar de servidor:”há-de apertar a cinta e mandar que eles tomem lugar à mesa e, passando diante deles, servi-los-á”. Esta é a lógica do Reino anunciado por Cristo: “os reis das nações pagãs chamam-se mestres a si mesmos, e os que exercem o poder fazem-se chamar benfeitores. Para vós não deve ser assim. O maior entre vós tome o lugar do mais pequeno, e o que manda tome o lugar do servo. Quem é, de facto, o maior? O que serve ou o que está à mesa? Não é quem está à mesa? Pois Eu estou no meio de vós como quem serve!” (Lc 22, 25-27).
À imagem do seu Mestre e Senhor, o cristão é chamado a tornar-se servidor da caridade colocando-se ao serviço dos seus irmãos na gratuidade de uma amor desinteressado e não desejando senão acelerar a chegada do Reino obedecendo à Palavra do Senhor. Para permanecer nesta orientação de vida, no meio de tantas e tantas solicitações do mundo, é indispensável tender para “as realidades do alto e não para as da terra. Com efeito nós morremos com Cristo e a nossa vida está escondida com Ele em Deus. Quando Cristo surgir, nós surgiremos com Ele” (Col 3, 2- 4).
Que o Senhor nos dê a graça de uma vigilância interior; que nós O possamos aguardar e esperar com uma “santa impaciência”; que a esperança do seu regresso iminente nos guarde despertos na fé e animados de um ardente zelo au serviço dos nossos irmãos.

Padre José Maria, Família de S. José

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