sexta-feira, maio 16, 2008


Os Presbíteros na vida da Igreja – II


II - O Novo Testamento e o presbiterado:
testemunho de uma grande diversidade

1. Diversidade geográfica de comunidades cristãs:

O NT é composto de textos muito diferentes mas que, no conjunto, nos informam de maneira mais ou menos detalhada acerca da vida da Comunidade primitiva.
Os Apóstolos ou seus representantes escrevem às Comunidades que fundaram ou que formam na fé. Geralmente escrevem para intervir em questões doutrinais ou que têm a ver com a vida comunitária. Paulo, por exemplo, como o Evangelho de Lucas, dirige-se sobretudo aos cristãos do mundo grego: a Igreja dos Tessalonicenses, os Gálatas, os Coríntios... mas Paulo escreve também a todos os “bem-amados de Deus que estão em Roma”.
Marcos é redigido especificamente com a intenção de catequizar os catecúmenos de Roma. Já o Evangelho de Mateus coloca-nos nas Igrejas estabelecidas na Síria e na Palestina - comunidades de origens judaicas e os escritos de João têm como destinatários os cristãos da Ásia Menor. Portanto, estamos perante uma grande diversidade de comunidades cristãs.


2. Diversidade no tempo

O Novo Testamento comporta dois grandes períodos: apostólico e pós-apostólico.
O Período Apostólico é o tempo que se abre com a Ressurreição de Cristo e se fecha com a morte dos Apóstolos (martírio de Pedro e Paulo em Roma por volta do ano 67). É a época dos Apóstolos, testemunhas históricas da vida, da morte e da ressurreição de Jesus, o Cristo. Primeiro são os 12. Espontaneamente associamos os Doze aos Apóstolos e seus sucessores. Mas 12 é um número simbólico utilizado com um sentido bem específico por Lucas, autor do Evangelho e dos Actos. O Povo Judeu era constituído por 12 tribos. Depois da Ressurreição, os 12 permanecem Apóstolos, um “colégio” que se alargará a outras testemunhas de Cristo Ressuscitado, dos quais o mais célebre é Paulo.

As primeiras perseguições em Jerusalém estimulam a missão - imensas comunidades nascem e se desenvolvem na Judeia e, depois, fora dela. Antioquia, por exemplo, um verdadeiro centro missionário, vai fornecer um modelo de Igreja comunitário. À frente destas Comunidades aparece um grupo constituído por apóstolos – profetas - doutores. Em Jerusalém e na Palestina a organização faz-se sobre o modelo judaico, com um grupo de “presbíteros” (anciãos) e os doutores. Neste momento cada Comunidade permanece numa estreita ligação a um ou outro Apóstolo. Os fundadores participam da vida das comunidades, das Igrejas locais.
O período Pós-Apostólico que se segue ao período apostólico é um tempo de afirmação e consolidação na medida em que os fundadores desaparecem e é necessário quem lhes suceda. Trata-se pois de organizar a sucessão dos Apóstolos na fidelidade à fé recebida dos mesmos Apóstolos.

Em finais do 1º século já se afirma uma certa organização: as Epístolas de Timóteo e Tito, nomeadamente, apresentam-nos “presbíteros” (anciãos), “ episcopos” ( vigilantes) e diáconos (servidores). Reconhecemos aqui já os três “títulos” de organização eclesial actual dos ministérios na Igreja : em cada Diocese há um Bispo assistido pelos presbíteros e por Diáconos.
Mas esta organização não aparece, logo de início, muito explícita no Novo Testamento. O Novo Testamento possui em si duas épocas e a passagem de uma à outra. Por um lado mostra-nos a criatividade fecunda das comunidades - elas dão-se a si mesmas, graças ao Espírito Santo, todos os ministérios e responsáveis de que têm necessidade. Por outro lado o NT mostra-nos o grande esforço de fidelidade a Cristo e aos apóstolos fundadores pela harmonização progressiva dos carismas e dos ministérios. Possuir em conjunto estas duas dimensões (criatividade e fidelidade) - é o testemunho pelo qual temos de nos regular (“carismas e instituição na mesma comunidade e para crescimento e unidade da mesma” ). O Novo Testamento mostra-nos, portanto, como a Comunidade cristã nascente (a Igreja) foi respondendo às necessidades múltiplas nascidas da evangelização e como estas suscitaram também respostas múltiplas e variadas.

- III – Todos os baptizados,
participantes do ministério da Igreja

Nas Comunidades do NT todos os cristãos têm competência para agir - todos participam no serviço fundamental do Evangelho: serviço a Cristo e aos homens. É toda a Comunidade de baptizados, com os seus diferentes ministérios, que prolonga a acção de Deus.

1. Os Ministros eclesiais nas Epístolas Paulinas

1.1 Carta aos Efésios

Os Apóstolos e os Profetas estão à frente da Comunidade. Seguem-se-lhes os evangelistas, os pastores e os doutores (Ef 2, 20; 3, 5; 4, 11). Os ministérios são aí serviços de unidade e da Palavra. A Carta aos Efésios (escrita entre o ano 61 e 63) mostra-nos bem a concepção de Paulo: todos responsáveis do Corpo de Cristo. Jesus Cristo é a Pedra Angular. Ele é o autor da Igreja

1.2. Cartas Pastorais (Tito e Timóteo)

Estes Escritos do NT correspondem a um estádio mais avançado da organização das Comunidades ou Igrejas. O contexto é o de variadas polémicas. Trata-se, por isso, de organizar comunidades em fidelidade aos Apóstolos fundadores. À cabeça destas comunidades encontramos já os Presbíteros (anciãos), os episcopos (vigilantes) e os servidores (diáconos, possivelmente). Nestas Cartas podemos constatar que os dois discípulos de Paulo foram colocados ao serviço por uma imposição das mãos (2 Tim 1, 6).

1.3. Romanos e Coríntios: o facto Comunitário em São Paulo

“Servidor de Cristo, apóstolo por vocação, posto à parte para anunciar o Evangelho de Deus...” (Rom 1, 1) - é assim que o próprio Paulo se auto-define. As Igrejas paulinas, nascidas num meio helenista caracterizam-se pela sua tradição de “fraternidade” e “hospitalidade” .
Paulo coloca muito em destaque o valor da diversidade de dons que o Espírito suscita no meio dos cristãos. Ele afirma constantemente que os dons e carismas se destinam e ordenam todos ao serviço do Evangelho, ao bem comum e ao crecimento do Corpo de Cristo. Todos são responsáveis mas cada um tem a sua parte particular de serviço - todos, na comunidade, se sentem responsáveis.

“Apóstolos- Profetas - Doutores” ter sido os nomes dos primeiros ministérios nas Igrejas do NT. É uma organização própria da Igreja de Antioquia onde Paulo permaneceu algum tempo com Barnabé. Os Apóstolos são missionários itinerantes, mandatados por uma Igreja para anunciar a Palavra e fundar novas comunidades. Os Profetas são aqueles que interpretam o que o Espírito diz à Comunidade Cristã. Têm a função da actualização da fé (1 Cor 14, 4). Os Doutores estão associados aos Profetas. Fazem a releitura e comentário dos textos sagrados, asseguram o ensino sistemático, explicam as Escrituras. São aqueles que ensinam na Comunidade.

2. Os Ministros eclesiais nos Actos dos Apóstolos

Nos Actos dos Apóstolos, S. Lucas faz desfilar imensos actores. Principalmente os doze apóstolos com a sua cabeça, S. Pedro. Lucas reserva um lugar especial para Pedro no meio dos outros apóstolos. Mas o texto dá também uma grande importância a Paulo e a outros missionários itinerantes, sobretudo Barnabé.
Para Lucas os Apóstolos são os portadores da Palavra de Deus. Nos Actos as comunidades organizam-se de diversas formas:
- Jerusalém : a comunidade organiza-se em redor de profetas, anciãos ou presbíteros, e o grupo dos sete diáconos.
- em Antioquia a comunidade organiza-se em torno de profetas e doutores numa estreita ligação com os apóstolos.

3. S.Mateus

Em S. Mateus evidencia-se, sobretudo a exigência de todos viverem segundo o Evangelho. E, nessa medida, o que é importante é a fidelidade ao ensinamento de Jesus Cristo. A Comunidade de Mateus é um Comunidade que acredita na presença de Cristo no meio de si mesma.

1 comentário:

Anónimo disse...

Que o Senhor ajude todos os jovens que estão em busca da sua vocação!
Por nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Ámen