segunda-feira, dezembro 08, 2008








A vida do nosso Seminário



- quem semeia com generosidade assim colherá –






A Igreja coloca os olhos nos seus Seminários como tratando-se do seu próprio coração. Porque a vocação de cada padre que cresce no Seminário é sempre um mistério de amor e de fé, um verdadeiro milagre da confiança e da ousadia, um projecto da vida disponível e entregue nas mãos de Deus, tem um sentido profundo rezarmos pelos nossos Seminários. E tem sentido também, na comunhão e corresponsabilidade eclesiais, reflectir de que formas Jesus Cristo chama hoje ao seu serviço na Igreja.






No nosso Seminário Diocesano, neste momento, contamos apenas com dois Seminaristas Maiores (o Nuno, da Bemposta, que está no 4º ano e o Gilberto, do Vale da Lousa, Isna, que está no 5º ano).





Os Indicativos na nossa Diocese de Portalegre – Castelo Branco
Entre 1930 e 1939, quando o Seminário Diocesano conseguiu recuperar da extinção a que a que 1910 tinha conduzido, ordenaram-se 70 presbíteros na Diocese. Entre 1940 e 1949 ordenaram 45 presbíteros. Entre 1950 e 1959 ordenaram-se 55 presbíteros. De 1960 a 1969 ordenaram-se 47 presbíteros. De 1970 a 1979 ordenaram-se 8 presbíteros. De 1980 a 1989 ordenaram-se 8 presbíteros. De 1990 a 1999 ordenaram-se 18 presbíteros, e de 2000 a 2008 ordenaram-se 6 presbíteros[1]. Entretanto, dos 256 referidos presbíteros ordenados, muitos já faleceram e, mais recentemente, alguns pediram dispensa do ministério. Actualmente, segundo estatísticas, a Diocese conta com 91 presbíteros diocesanos incardinados e mais 13 presbíteros religiosos[2].
O mundo e o território geográfico e humano da Diocese não são os mesmos hoje e em 1930. Novos contextos políticos, sociais e eclesiais, escolas, vias de comunicação, meios de comunicação social, emigração, desertificação, diminuição e/ou deslocação das populações para os centros urbanos e para fora do território diocesano, diminuição da natalidade, abandono e/ou diminuição da prática religiosa, novos modelos de família, etc, são alguns dos elementos (comuns a todo o mundo) que criaram um novo contexto e novos desafios. E a Igreja, Sacramento de Jesus para o mundo, há-de valorizar estes desafios como oportunidades.








Das Comunidades para o Seminário



e do Seminário para as Comunidades
Tudo começa, podemos dizer assim, na forma como nascem e se compreendem as vocações. O ritmo e dinamismo são sempre os do chamamento/resposta e, portanto, de desafio, de transformação, de crescimento, de superação. A resposta segue-se ao chamamento. Não há oferecimento sem chamamento. Quem semeia com generosidade assim colherá. E, da mesma forma que ser padre é ministério de fé, o chamamento e a resposta são uma experiência de fé. E assim, é na Comunidade cristã viva e dinamizada pelos seus pastores que nascem e se podem desenvolver as vocações ao ministério do Padre na Igreja. A comunhão eclesial e presbiteral desperta sempre vocações. Ao contrário, o individualismo pastoral resulta sempre em “crises vocacionais”.
Neste contexto, chamando Deus ao Sacerdócio, o Seminário aparece então como um primeiro passo específico numa longa caminhada de atenção e disponibilidade à vontade de Deus. A sabedoria da Igreja, longa de séculos, assume a experiência da vida comunitária como meio de formação. É o tempo em que cada um se descobre mais a si e descobre os outros. Nesse sentido, o Seminário é a continuidade daquela comunidade que Jesus Cristo construiu com os Apóstolos e onde lhes ensinou a Palavra, a docilidade à vontade do Pai, o amor ao Povo que serviriam. É a comunidade onde Jesus ensinou os seus discípulos a abrir o coração a Deus e ao mundo. Sem essa experiência de comunhão com o Mestre e uns com os outros não seria possível a missão evangelizadora como missão de toda a Igreja.
Um Seminário, comunidade formativa, é por isso e sempre um presbitério (o conjunto dos padres com o seu Bispo) em gestação. A Igreja, aliás, toda ela, é fundamentalmente um mistério de comunhão. Cada seminarista, portanto, não se prepara sozinho para ser padre sozinho, mas prepara-se, desde já, no horizonte de toda a Igreja e do presbitério diocesano. Quando é ordenado padre é recebido como irmão pelos outros padres e acolhe-os no mesmo dinamismo fraterno na comunhão da Igreja diocesana e de toda a Igreja. O Seminário é, por isso, escola de presbitério, uma escola de comunhão, uma escola de Igreja. É uma fraternidade sacramental mais do que uma simples pertença comum.



Acção de cada cristão num projecto que é de todos
Partindo da oração pelos nossos Seminários e da reflexão acerca das formas pelas quais Jesus Cristo hoje chama em Igreja, que podemos fazer pelos nossos Seminários? Eis alguns desafios que cada Paróquia e / ou Comunidade cristã pode concretizar:

1. Partindo da Pessoa de Jesus Cristo, Luz dos Povos, fazer a experiência de Igreja que é comunhão de todos os baptizados como sacramento e sinal da unidade dos homens com Deus e dos homens entre si e fundamentar aí a sua missão de evangelização (LG 1);

2. Reflectir pessoal e comunitariamente o facto de que ser Igreja, pelo baptismo, é naturalmente ser vocação (vocação à vida – vocação à fé – vocação específica na Igreja) e estar disponível para o que Deus quiser;

3. Aprofundar pessoal e comunitariamente – com a possível dinamização do Secretariado Diocesano da Pastoral das Vocações e do Pré-Seminário – os conceitos de vocação bem como as implicações concretas das novas mentalidades e formas de vida na definição vocacional;

4. Promover uma estreita ligação e colaboração entre as Comunidades paroquiais e os diversos Secretariados, bem como dos Secretariados entre si. Promover, nomeadamente, uma ligação e colaboração forte com o Secretariado das Vocações e com o Secretariado da Juventude. O trabalho de evangelização dos jovens (pastoral juvenil) é todo ele vocacional (para as diversas vocações).

5. Valorizar a Liturgia da Paróquia – nomeadamente a Eucaristia e a Reconciliação - como contexto vocacional onde Deus fala e é acolhido e sublinhar verbalmente essa sua dimensão.

6. Valorizar e acompanhar os grupos de acólitos pela proximidade à celebração do Mistério da fé.

7. Promover, no contexto da Oração Universal da Eucaristia do Domingo, uma intenção pelas vocações, uma intenção pelos seminaristas e pré-seminaristas (fazendo alusão explícita aos da Paróquia ou dela conhecidos), uma intenção pelos sacerdotes … a par com todas as outras intenções.

8. Valorização dos textos bíblicos de cariz vocacional da Eucaristia (Dominical ou ferial) para sublinhar o chamamento de Deus ao seu serviço e a alegria de Lhe poder entregar a vida (momento de esclarecimento, testemunho e desafio pela alegria e sentido do ministério);

9. Referir e sublinhar o testemunho de Sacerdotes que tenham ajudado a construir a comunidade em que se celebra ou que tenham sido referência local (a sua santidade, o seu espírito de serviço e de ajuda …). Sublinhar, nomeadamente, o seu testemunho sacerdotal por ocasião das celebrações dos jubileus de Ordenação.

10. Sublinhar a naturalidade do “ser padre” num mundo onde todos querem que a sua liberdade seja respeitada. Como afirmava o Papa João Paulo II, “este é um tempo extraordinário para se ser padre”.

11. Contactar pessoal e directamente algum ou vários rapazes no contexto da Paróquia e dos seus grupos ou actividades (Acólitos, Grupos de jovens, Escuteiros, etc, etc)

12. Estabelecer contacto estreito com os serviços e instâncias diocesanas de acompanhamento vocacional e de ajuda no discernimento. Dar visibilidade nas comunidades aos programas de actividades da Pastoral dos Jovens e da Pastoral das Vocações e Pré-Seminário.

13. Promover encontros dos jovens da Paróquia (grupos ou movimentos) com os Seminaristas ou, inclusive, com grupos de Sacerdotes.

14. Encaminhar os rapazes que se interroguem vocacionalmente para o Pré-Seminário, actividades do SDPJuventude ou SDPVocações, de acordo com os responsáveis.

15. Ajudar, em alguns casos monetariamente (viagens), os jovens que desejem participar nos encontros do Pré- Seminário.

Rezar pelo Seminário é fazer-lhe sentir a proximidade da comunidade cristã e dizer-lhe que se compreende que o lugar dele é precisamente na comunidade cristã. Os cristãos, diz-nos o Livro dos Actos dos Apóstolos, eram unidos na oração, tinham tudo em comum. Por isso a oração pelos Seminário é uma experiência de comunhão da Igreja que se dirige a Deus como o seu Pai do Céu.
Faz bem ao Seminário sentir a presença da comunidade diocesana e das paróquias com seus padres, cristãos e religiosos. É aí que Deus chama e esse é o destino dos que são chamados. Faz bem ao Seminário, na partilha e na oração, sentir-se amado. E faz bem às comunidades sentirem o Seminário presente na sua vida de Igreja e conhecerem os rostos concretos daqueles que neles se prepararam para serem servidores do Povo de Deus como padres. A juventude do Seminário faz bem às comunidades e a história e fidelidade das comunidades a Deus desafia o Seminário.


p. Emanuel Matos Silva

[1] Dados fornecidos pelo Cónego Bonifácio Bernardo, Secretariado Diocesano da Pastoral
[2] Cf. Anuário 2007 da Diocese, p. 58.

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