sábado, setembro 16, 2006


“Vocações na Igreja”


Beneditinos



A corrente espiritual representada pela Ordem de S. Bento constitui, de forma quase exclusiva, a experiência religiosa do monaquismo ocidental desde o séc. IV ao séc. XII.

Fundador: S. Bento de Núrsia (480-547)
S. Bento de Núrsia, também chamado “pai dos monges do ocidente” é conhecido pela sua regra monástica e pela sua vida. Nasceu em Itália, na região de Núrsia, no fim do séc. V (480). Em Roma inicia os seus estudos, mas rapidamente deixa a cidade e se retira na montanha, em Subiaco, onde viverá numa gruta. Assim se torna eremita até ao dia em que alguns membros de um mosteiro vizinho, tendo perdido o seu abade, lhe pedem que o suceda. A verdadeira e exigente reforma que empreende não agrada, naquele momento, aos monges, mas os seus valores tornar-se-ão em pouco tempo paradigma de toda a vida religiosa.
Retirar-se-à, mais tarde, forçadamente, para o monte Cassino onde permanecerá até à sua morte. Aí se dedica à formação de monges e à pregação.
Os escritos do Papa Gregório Magno, sobre a vida de S. Bento, relevam imensos carismas na pessoa do chamado “pai dos monges do ocidente”.
A sua Regra monástica é baseada na oração, no trabalho, e na vida comum.
O grande desenvolvimento e propagação da Regra beneditina não se deu logo após a morte de S. Bento (547), mas apenas a partir do séc. VII, altura em que, com S. Gregório Magno, se vai tornar numa verdadeira “Regra”. Os Mosteiros já existentes a essa data vão operar reformas na sua estrutura e ligar-se à Ordem de S. Bento que é tomada como modelo autêntico. No séc. X, o Mosteiro de Cluny, sob a Regra beneditina, vai ser uma grande impulsionador da reforma dos mosteiros. Opera-se neste momento, em toda a Igreja, uma tentativa de reforma eclesial. Cluny será um grande centro e imensos Mosteiros se filiarão ao Mosteiro beneditino de Cluny. Em meados do séc. XII contam-se em cerca de 1.000 os Mosteiros ligados a Cluny num totral de 10.000 monges.
Cluny atingirá, contudo, uma grandeza e um fausto que fazem colocar novamente a questão da necessidade da reforma e purificação da vida monástica comunitária. As novas correntes beneditinas aparecerão, numa tentativa de reforma, ligadas a Roberto de Molesmes, caracterizadas por um maior espírito de solidão, humildade e pobreza ao mesmo tempo que oração e trabalho.
Após a Revolução Francesa a Ordem Beneditina sofre uma grande regressão, mas logo a partir de 1800 se opera um novo renascimento.
No início do séc. XX, com o renascimento generalizado do monaquismo, a Ordem beneditina retoma muito do seu antigo vigor. Em 1955 contavam-se 11.476 monges beneditinos.

Estatutos
A Ordem de S. Bento (OSB) é uma Ordem monástica - os Beneditinos são Monges e repartem o seu tempo diário entre a oração comunitária, a oração pessoal, a leitura da Palavra e o trabalho manual ou intelectual.

Regra
A Regra da Ordem de S. Bento é a Regra de S. Bento, redigida na primeira metade do séc. VI e dividida em 73 Capítulos (existe uma edição portuguesa recente do Mosteiro de Singeverga, 1992).
A Regra de S. Bento, após catorze séculos, é ainda uma verdadeira regra de sabedoria. Vivida hoje com algumas adaptações fruto dos tempos e da renovação eclesial, ela continua, contudo, a ajudar aqueles que a abraçam livremente a caminhar para uma verdade interior e um coração dilatado no amor. A Regra diz, sobretudo, o amor a Deus e a vivência muito concreta e prática da fraternidade monástica de uma forma libertadora.
O governo da Ordem é, usando os termos da actualidade, “monárquico” e “democrático”. Existe um Abade eleito por tempo indeterminado. O Abade decide tudo, mas não sozinho, havendo decisões que têm de ser tomadas em “conselho” constituído pelo Abade, o ecónomo, o mestre de noviços, o prior, três irmãos eleitos pela comunidade do Mosteiro e três irmãos eleitos pelo Abade. Este conselho é consultado para as diversas decisões a tomar. Além disso existe o conselho de toda a comunidade, o “capítulo” que junta todos os professos.

Os Beneditinos e todos aqueles que estão relacionados à Regra de S. Bento, pronunciam e professam os votos de obediência, conversão dos costumes e estabilidade.
O grande critério para se entrar na regra de S. Bento é que “se procure Deus”. Só depois vem o aspecto comunitário - uma forma de viver e procurar Deus . Nesse sentido, a grande qualidade que se pede ao candidato a monge beneditino é que seja capaz de viver só e de viver em comunhão de uma forma equilibrada e pacífica. Alguém que não suporte a solidão e o silêncio não pode viver em comunidades monásticas porque esses são aspectos fundamentais da vida quotidiana e das regras monásticas em geral. O mesmo se diga de um carácter instável.


Um dia beneditino (exemplo)
06h00 - Levantar
06h20 - Oração comunitária de Laudes
07h00 - Tempo de solidão, pequeno almoço e “lectio divina”
09h10 - Missa
- Trabalho (manual e intelectual...)
12h30 - Oração comunitária da Hora Sexta
- Almoço
- Tempo livre
14h00 - Trabalho ...
18h30 - Oração comunitária de Vésperas e oração pessoal
19h30 - Jantar e tempo livre (Telejornal, Imprenssa, etc)
20h30 - Reuniões da Comunidade ou outros trabalhos
21h30 - Vigília (Ofício noturno)
- Descanso

Ordem Beneditina, em Portugal
- Mosteiro de Singeverga -
Roriz, 4780 SANTO TIRSO

- Priorado de Nª Sª da Assunção
Colégio de Lamego, 5100 LAMEGO

- Cela de Nª Sª da GraçaRua da Senhora do Monte, 44, 1100 LISBOA

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